terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Estudo sugere que falta de vitamina D pode aumentar o risco de ataque cardíaco

A NBC Nightly News (1/12/08) informa que indivíduos "com baixos niveis de vitamina D" podem ter o "dobro de chances de sofrer de ataque cardíaco ou derrame", segundo um estudo publicado em 9 de dezembro no Journal of the American College of Cardiology.

Os investigadores "analisaram recentes estudos ligando deficiência de vitamina D e doença cardíaca em vista a fazer recomendações práticas para detecção e tratamento". Um número de "pesquisadores afirmam haver uma quantidade cada vez maior de evidências sugerindo que a deficiência de vitamina D aumenta o risco de doenças do coração e está ligada a outros, bem conhecidos, fatores de risco, tais como pressão alta, obesidade e diabetes". Os pesquisadores alertam que a deficiência de vitamina D é muito mais comum que previamente pensado, afetando até a metade dos adultos e aparentemente também crianças saudáveis nos Estados Unidos. Estudos no Brasil realizados em São Paulo, Santa Catarina e na ensolarada Recife também mostram dados semelhantes. Alguns pesquisadores dizem que a grande quantidade de pessoas com falta de vitamina D pode em parte ser atribuído em parte às pessoas gastarem cada vez mais o tempo ao abrigo do sol e ao uso de protetores solares.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Ingrediente do Vinho Tinto pode restaurar a ‘saúde’ dos cromossomos

O
New York Times (27/11/08, link em inglês) noticiou que "Uma nova visão sobre a razão de envelhecimento, foi conquistada por cientistas tentando entender como resveratrol, um ingrediente em baixa quantidade do vinho tinto, melhora a saúde e a expectativa de vida de camundongos de laboratório", conforme um estudo publicado na última semana na revista científica Cell. Os pesquisadores "acreditam que a integridade dos cromossomos é comprometida quando a pessoa envelhece e que o "resveratrol atua ativando uma proteína conhecida como sirtuina que restaura a saúde dos cromossomos".

No estudo, "os pesquisadores administraram cópias extras do gene situina, ou alimentaram os camundongos com resveratrol em camundongos geneticamente alterados para desenvolverem linfomas", com ambos os tratamentos a expectativa de vida dos camundongos aumentou em 24 a 46%. Estes achados sugerem que alguns aspectos do envelhecimento possam ser revertidos.

domingo, 26 de outubro de 2008

As três principais razões para tomarmos café da manhã

1. Melhor desempenho. Aqueles que tomam café da manhã têm uma atitude mais positiva diante da escola e do trabalho, além de um melhor desempenho. Um estudo de Boston mostrou que crianças que começaram a tomar café da manhã aumentaram significativamente suas notas e chegaram atrasados ou faltaram à aula com menos freqüência.

2. Melhor nutrição global. Pessoas que tomam café da manhã estão mais suscetíveis à aquisição dos nutrientes de que seus corpos necessitam. Um estudo de Louisiana descobriu que pessoas as quais pulavam esta refeição raramente alcançavam sequer dois terços das exigências nutricionais diárias, relativas à maioria dos minerais e das vitaminas.

3. Melhor controle de peso. O café da manhã eleva a taxa metabólica do corpo no começo da manhã; assim, queimar calorias torna-se mais rápido do que se a refeição matinal houvesse sido pulada. Por isso, pessoas que tomam café da manhã mantêm o seu peso com maior facilidade do que aquelas que não o fazem.

Um estudo com 2.900 americanos, com idades entre 18 e 30 anos, e que durou 10 anos, mostrou que a ingestão do café da manhã diário pode reduzir o risco de obesidade ou de desenvolvimento de sinais que levam ao diabetes (síndrome de resistência à insulina) em 35% a 50%, em relação a pessoas que pulam a refeição matinal. Estas acabam ingerindo mais calorias durante todo o dia, e tais calorias adicionais são consumidas através de alimentos com alto teor calórico e baixa qualidade nutritiva, ao invés das comidas ricas em nutrientes, típicas do café da manhã. Fazer esta refeição permite uma melhor chance de queimar calorias, uma vez que o consumo é feito no início do dia. Estudos também mostraram que homens que consomem ao menos uma porção de grãos, e outros tipos de cereais matinais, tinham 20% a menos de chances de morrer por doença cardíaca, diabetes ou outras causas.

As chances de desenvolver a síndrome de resistência à insulina, uma desordem metabólica na qual o organismo não usa eficientemente o açúcar do sangue, podem aumentar nas pessoas com alta concentração de gordura abdominal, elevada pressão sangüínea e altos níveis de açúcar. Quando o corpo é privado de alimentos, pode ocorrer a hipoglicemia (baixo açúcar no sangue); quando a comida é introduzida, os níveis de insulina sobem, e esta substância lhe leva a converter e armazenar o excesso de açúcar como gordura. O corpo humano não pode viver sem insulina, mas manter balanceados os seus níveis, sem períodos de muita elevação, é muito mais saudável.

Estudos após estudos têm indicado que o café da manhã é realmente a refeição mais importante do dia, e agora nos sabemos o porquê.

Fonte: Vaxa (inglês) e tradução

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Associação de ácidos graxos ômega-3 à sinvastatina potencializa a redução lipídica

Autor: Will Boggs Publicado em 09/18/2008 Medcenter Medscape
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Nova York – De acordo com uma publicação em agosto do American Journal of Cardiology, em pacientes com dislipidemia mista, a prescrição adicional de ácido etil-éster ômega-3 (P-OM3) à sinvastatina melhora as concentrações de lipídios e lipoproteínas.

"A eficácia da combinação de sinvastatina/ômega-3 é semelhante à observada com sinvastatina/fenofibrato", Dr. Kevin C. Maki do Provident Clinical Research, Glen Ellyn, Illinois declarou à Reuters Health. "Portanto, minha opinião é que a combinação é uma opção de tratamento razoável para indivíduos com dislipidemia mista".

Dr. Maki e colaboradores avaliaram 6 semanas de tratamento com sinvastatina em doses de 20 mg/dia associada a P-OM3 4 g/dia ou placebo em 39 pacientes com triglicérides e colesterol não-HDL elevado.

A concentração de colesterol não-HDL declinou para um nível melhor com sinvastatina + P-OM3 (redução de 40%) do que com sinvastatina + placebo (redução de 34%), relatam os autores.

O grupo que recebeu P-OM3 também teve maior redução no colesterol VLDL e triglicérides e maior aumento no colesterol HDL do que os pacientes do grupo que recebeu placebo.

Os pesquisadores observam que melhoras significativamente maiores com P-OM3 em comparação com placebo foram vistas na apoB, na razão colesterol total/colesterol HDL e razão triglicérides/colesterol HDL, mas concentrações de colesterol LDL e de apoA-I mudaram para um nível semelhante com os dois tratamentos.

A maioria dos efeitos adversos foi classificada como leve ou moderada quanto à gravidade, relatam os pesquisadores, e não houve efeitos adversos graves relacionados ao tratamento.

"A minha maior mensagem é a importância do tratamento para se obter as metas de colesterol LDL e não-HDL do National Cholesterol Education Program", disse Dr. Maki. "Os resultados da nossa pesquisa NEPTUNE II sugerem que cerca de 25% dos indivíduos submetidos ao tratamento para dislipidemia têm triglicérides elevados (pelo menos 200 mg/dL). Nós fizemos grande progresso no tratamento de pacientes para levá-los às suas metas para colesterol LDL durante a década passada, mas uma porcentagem significativa de pacientes não alcança as metas para colesterol não-HDL".

"A evidência de uma variedade de fontes indica que cada aumento de 1 mg/dL no colesterol VLDL está associado ao aumento do risco de doença coronariana de forma semelhante como ocorre com cada aumento de 1 mg/dL de colesterol LDL, o que explica porque colesterol não-HDL é um melhor indicador de risco de evento do que o colesterol LDL", acrescenta Dr. Maki. "Atenção adicional é necessária na prática clínica para identificar e tratar pacientes com colesterol não-HDL elevado".


Fonte:

Am J Cardiol 2008;102:429-433.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Dieta ocidental ligada à risco aumentado de ataque do coração, sugere estudo

A BBC News em seu website relata que "trocar comida frita e salgada por saladas pode reduzir a incidência global de ataques cardíacos em ", de acordo com um estudo publicado no periódico Circulation. Os pesquisadores "analisaram a dieta" de aproximadamente "16.000 pessoas em 52 países e identificaram 3 padrões globais de alimentação".

WebMD acrescenta que "5.761 pessoas foram entrevistadas após ter um único ataque cardíaco; os restantes 10.646 não tinham doença cardíaca conhecida, incluindo angina e não sofriam de diabetes, hipertensão ou colesterol elevado".

Os pesquisadores encontraram que "pessoas que comem uma dieta Ocidental tinham um risco 35% maior de ter um ataque coração, comparado com aqueles que comiam pouco ou nenhuma comida frita e carne", acrescentou HealthDay. Indivíduos que seguem uma dieta 'Prudente' tinham um risco 35% menor de sofrer um ataque cardíaco, comparados com aqueles que fizeram uma dieta com frutas e vegetais". Os investigadores concluíram também que "uma dieta 'Oriental', rica em tofu, soja e outros molhos, foi neutra, não aumentando nem diminuindo os riscos de ataque cardíaco.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

As gorduras ômega-3 podem reduzir o risco de declínio das células produtoras de insulina em crianças

Tanto os achados de estudos epidemiológicos quanto os de estudos observacionais têm sugerido que a probabilidade de diabetes é menor entre as crianças que consomem óleo de fígado de bacalhau - rico em ácidos graxos ômega-3 eicosapentaenóicos e docosahexaenóicos - em relação às que não o consomem. Pesquisadores do Estudo da Auto-imunidade do Diabetes nos Jovens (DAISY - Diabetes Autoimmunity Study in the Young) exploraram a associação entre o desenvolvimento da auto-imunidade nas ilhotas de Langerhans e o consumo de ácidos graxos ômega-3 e ômega-6 em crianças com risco de diabetes tipo 1 - aquelas parentes em primeiro grau de indivíduos com diabetes tipo 1 e crianças com mutações na região do antígeno leucocitário humano (um fator de risco genético), por exemplo. Foram obtidos os relatos quanto à ingestão de ácidos graxos ômega-3 de todos os participantes.
Das 1.770 crianças que participaram do estudo, entre janeiro de 1994 e novembro de 2006, 58 desenvolveram auto-imunidade nas ilhotas de Langerhans. Depois do ajuste para as diversas co-variáveis, a elevação da ingestão dos ácidos graxos ômega-3 esteve associada a uma redução de 55% no risco de desenvolvimento da auto-imunidade nas ilhotas de Langerhans. Em outro estudo de caso amostral, no qual se avaliou a quantidade de ácidos graxos nas membranas dos eritrócitos de 244 dos participantes, a elevação da quantidade de ácidos graxos ômega-ô esteve associada a uma redução de 37% no risco de auto-imunidade nas ilhotas de Langerhans.

Comentário:

Nesse estudo amostral observacional, os ácidos graxos ômega-3 estiveram associados a reduções nas taxas de desenvolvimento de auto-imunidade nas ilhotas de Langerhans. Esta evidência possivelmente aponta para a eficácia da suplementação com ácidos graxos ômega-3 na condição de estratégia preventiva para crianças com alto risco de diabetes tipo 1; contudo ainda é preciso que novos estudos sobre tal estratégia apresentem seus benefícios de forma clara.

Autora: JoAnne M Foody, MD. para o Journal Watch

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Exenatide administrado uma vez por semana é tão eficaz para o controle glicêmico quanto se administrado duas vezes por dia

Autora: Shelley Wood, para o Medscape
Publicado em 10/09/2008

De acordo com os resultados do estudo Diabetes Therapy Utilization: Researching Changes in A1c, Weight and Other Factors Through Intervention with Exenatide ONce Weekly (DURATION-1), a droga hipoglicemiante exenatide (Byetta®, Amylin Pharmaceuticals/Eli Lilly) apresenta igual efeito na melhora do controle glicêmico em pacientes com diabetes tipo 2 se tomada uma vez por semana, em vez de duas vezes por dia.

Segundo Dr. Daniel J Drucker (University of Toronto, ON) e colaboradores, cujos resultados foram publicados na internet em 8 de setembro de 2008, no Lancet, o medicamento oferece "uma opção de tratamento promissora para o controle do diabetes tipo 2".

Como publicado anteriormente pela heartwire, exenatide mimetiza o efeito da incretina, uma versão sintética da exendina-4, um hormônio encontrado na saliva do Monstro-de-Gila, um lagarto nativo da região sudoeste dos EUA, que come somente quatro vezes por ano. Estudos recentes do medicamento mostraram que este funciona através do receptor para peptídeo glucagon-símile 1 (GLP-1), mas é muito mais potente e tem ações similares ao GLP-1 humano, incluindo estimulação da secreção de insulina, lentificação do esvaziamento gástrico e inibição da produção de glucagon pelas células alfa do pâncreas. Estudos clínicos do exenatide mostraram que ele é tão eficaz quanto à insulina glargina em pacientes que não conseguem atingir a glicemia-alvo com hipoglicemiantes orais comuns. Enquanto nenhum estudo para resultados cardiovasculares foi realizado com exenatide, o medicamento aparenta melhorar também vários fatores importantes para risco cardiovascular, provavelmente devido ao seu efeito no peso corporal.

Para o DURATION

No estudo DURATION-1, Druker e colaboradores procuraram comparar a fórmula de liberação de longa ação do exenatide (2 mg, injetados uma vez por semana) com 10 µg de exenatide injetado duas vezes por dia em 295 pacientes com diabetes tipo 2. Os pacientes podiam estar ou não tomando outros medicamentos hipoglicemiantes orais.

Após 30 semanas, Druker e colaboradores relataram que os pacientes que tomaram o medicamento uma vez por semana tiveram mudanças significativamente melhores na hemoglobina glicada (HbA1c) do que pacientes que tomaram o medicamento duas vezes por dia; eles também foram mais propensos a atingir a concentração-alvo de HbA1c (7,0% ou menos).

Os autores também relataram mudanças importantes nos fatores de risco para doença cardiovascular (DCV). Quando comparado com o esquema de duas vezes por dia, os pacientes que receberam injeção uma vez por semana tiveram reduções melhores nas concentrações iniciais de colesterol total e de lipoproteína de baixa densidade (LDL). Ambos os grupos tiveram reduções semelhantes nas concentrações iniciais de triglicérides, na pressão arterial e no emagrecimento.


Mudanças percentuais das concentrações iniciais com os dois esquemas de exenatide

Fator de risco

1 vez por semana (%)

2 vezes por dia (%)

Colesterol total (mmol/L)

–0,31

–0,10

HDL (mmol/L)

–0,02

–0,03

LDL (mmol/L)

–0,13

+0,03

Pressão arterial sistólica (mm Hg)

–4,7

–3,4

Pressão arterial diastólica (mm Hg)

–1,7

–1,7

Peso (kg)

–3,7

–3,6


Ao comentar sobre o estudo da heartwire, Drucker enfatiza que esse é o primeiro tratamento para diabetes administrado uma vez por semana que demonstrou efeitos benéficos na redução de peso e na pressão arterial, com risco de hipoglicemia muito pequeno. "Isso tem implicações favoráveis para a melhora do risco cardiometabólico", ele diz.

Da mesma forma, Dr. John Buse (University of North Carolina, Chapel Hill), um co-autor do estudo, que apresentou alguns dos resultados na 44° Encontro Anual da European Association for the Study of Diabetes, disse à heartwire que enquanto é cedo demais para estimar os efeitos a longo prazo do exenatide para o coração, pelo menos alguns sinais precoces são promissores.


"Esta é uma área na qual há muita esperança de que, associado à perda de peso, haja melhora nos marcadores de risco cardiovascular", disse. "Esperança suficiente que muitas pessoas, incluindo a mim mesmo, reclamaram devido à necessidade de novos estudos para resultados cardiovasculares, não porque alguém ache que haverá surpresa em termos de segurança, mas porque de todos os tratamentos que existem para o diabetes, este é o que talvez tenha maior probabilidade de melhorar os resultados cardiovasculares. Se o foco ou interesse maior era examinar a segurança cardiovascular, então, era necessário fazer um estudo para averiguar a igualdade ou superioridade comparando exenatide [com outra droga hipoglicemiante]. Mas nesse caso, eu acho que esse é um medicamento para o qual, provavelmente, valha a pena fazer um estudo de superioridade com resultados cardiovasculares".

Ele acrescenta que "ainda não se sabe" se o sinal de benefício, em termos de parâmetros lipídicos e da pressão arterial, foi devido inteiramente à perda de peso ou está relacionado aos efeitos do medicamento.

Precaução e esperança

Em um anexo que acompanhou os resultados do DURATION-1,[2] Dr. Andre J Scheen (University of Liège, Bélgica) adverte que há necessidade de dados a longo prazo para esse novo esquema. "É necessária precaução, assim como para qualquer novo medicamento desenvolvido para o tratamento de diabetes tipo 2. Muitas drogas hipoglicemiantes foram retiradas do mercado ou tornaram-se controversas apesar dos resultados precoces positivos. O sucesso de qualquer agente hipoglicemiante depende da eficiência no controle da glicose, boa tolerância e perfil seguro, facilidade do uso e custo (desconhecido para exenatide de longa duração) e capacidade de reduzir complicações".

Dito isso, Dr. Scheen reconhece que evitar injeções duas vezes por dia seria uma mudança bem-vinda para pacientes com diabetes. "Quando a fórmula de exenatide, que será administrada uma vez por semana, estiver disponível, após a confirmação e extensão dos resultados atuais positivos, essa nova estratégia pode mudar substancialmente o tratamento do diabetes tipo 2", escreve o autor.

Exenatide já está aprovado nos EUA para o uso sob a forma de injeção, duas vezes por dia, para ser usada com a monoterapia de metformina, sulfoniluréia ou tiazolidinediona (TZD) ou com associação de metformina e sulfoniluréia ou com metformina e TZD. Não está aprovado para o uso como monoterapia.

Dr. Buse declarou ser consultor e pesquisador para patrocinadora de testes Amylin Pharmaceuticals and Eli Lilly, mas esclareceu que ambas as atividades foram contratadas pela University of North Carolina. Os outros autores do estudo divulgaram várias relações financeiras com Amylin Pharmaceuticals, Arisaph Pharmaceuticals, Conjuchem, Eli Lilly, Emisphere Technologies, GlaxoSmithKline, Glenmark Pharmaceuticals, Isis Pharmaceuticals, Merck Research Laboratories, Novartis Pharmaceuticals, Novo Nordisk, Phenomix, Roche, Takeda, e Transition Pharmaceuticals.

Dr. Scheen é consultor da sanofi-aventis, AstraZeneca, e GlaxoSmithKline, e recebeu remuneração pela palestra da sanofi-aventis.

Referências bibliográficas

  1. Drucker DJ, Buse JB, Taylor K, et al. Exenatide once weekly versus twice daily for the treatment of type 2 diabetes: A randomised, open-label, non-inferiority study. Lancet. 2008; DOI:10.1016/S0140-6736(08)61206-4. Available at: http://www.thelancet.com.
  2. Scheen A. Exenatide once weekly in type 2 diabetes. Lancet. 2008; DOI:10.1016/S0140-6736(08)61207-6. Available at: http://www.thelancet.com.

Estudo sugere que hipoglicemia grave freqüentes pode não ter impacto na função cognitiva de adolescentes com diabetes

Medscape (02 outubro de 2008, em inglês) relata que "a despeito de relativamente altas taxas de hipoglicemia grave, a função cognitiva não declinou durante 18 anos em adolescentes com diabetes tipo 1", segundo um estudo publicado em setembro na Diabetes Care. Gail Musen, Ph.D., do Joslin Diabetes Center/Harvard Medical School e colaboradores, buscaram determiner se hipoglicemia grave ou terapia intensiva afeta o desempenho cognitivo com o tempo em um subgrupo de 249 pacientes com diabetes tipo 1 com idades entre 13 a 19 anos quando entraram no estudo DCCT [Diabetes Control and Complications Trial ]. "Os pesquisadores realizaram uma ampla bateria de testes cognitivos aproximadamente 18 anos após entrarem no DCCT e as notas foram comparadas com o desempenho inicial. Então "levando-se em conta os valores médios da glicohemoglobina A1c, freqüência de hipoglicemias graves, o tipo de tratamento utilizado no DCCT não foi encontrada associação com declínio da função cognitiva, embora valores altos de A1c fossem ligados a declínio nas funções psicomotoras e eficiência mental.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Via cerebral ativada por dieta ruim pode aumentar o risco de obesidade e diabetes

Wisconsin's Capital Times (02/10) relata que pesquisadores da University of Winsconsin-Madison "identificaram uma quebra na torre de controle cerebral para a obesidade – um emaranhado complexo sistema de mensagens moleculares que regulam o peso corporal e a quantidade de comida ingerida", conforme os achados detalhados na edição de 3 de outubro de 08 da revista científica Cell. Especificamente, o "grupo descobriu o que" eles chamam de "uma 'via patológica' para a obesidade no hipotálamo". O Times Capital ressalta que o "papel clássico para esta via é induzir inflamação no sistema imune quando o corpo é desafiado com infecções, tais como vírus ou bactérias, machucados ou doenças como o câncer". Mas "esta via pode também ser estressada e ativada por um padrao "que é referido com 'sobrecarga nutricional', um excesso de ingestão de calorias.

Comendo "muitas calorias envia uma mensagem para o cérebro que regula para cima o bem regulado balanço energético do corpo, os pesquisadores mostraram". Portanto, "quanto mais alimento é comido mais açúcar é guardado como gordura". Contudo, o mecanismo também tem uma ligação direta com as doenças associadas com a obesidade, como, diabetes tipo 2 e doença cardiovascular.

Em ratos, a proteína ligada à inflamação IKKβ/NF-kB – que é normalmente inativa, apesar de presente, no cérebro – era ativada quando alimentados com uma dieta rica em gordura e açúcar e uma vez que a proteína fosse ativada, mais os ratos comiam, sugerindo que esta parte da via está envolvida na regulação da ingestão de comida. Usando engenharia genética, os pesquisadores "desligaram a proteína, e estes ratos ficaram protegidos contra obesidade, mesmo com uma dieta rica em gorduras". Espera-se que com medicamentos possa-se também fazer a mesma coisa em pessoas e ser mais uma arma na luta contra a obesidade e as doenças associadas.

Fonte:

Terapia para sistema imune pode preservar alguma produção de insulina em crianças com diabete melito tipo 1

Bloomberg News (8/10/08, em inglês) relata que "Uma terapia imune experimental pode preservar algumas células cruciais para a produção de insulina em crianças recentemente diagnosticadas com diabetes tipo 1, a forma mais grave da doença", de acordo com um estudo publicado na edição de 8 de outubro de 2008 no New England Journal of Medicine. Para o estudo, pesquisadores usaram "uma proteína que ocorre naturalmente encontrada no pâncreas e no cérebro, chamada descarboxilase do ácido glutâmico (GAD, do inglês glutamic acid decarboxylase), que mostrou ser efetiva em prevenir o início do diabetes em ratos". A terapia foi testada "contra placebo em 70 diabetéticos recem diagnosticados com idade entre 10 a 18 anos que estavam usando insulina". Os pesquisadores encontraram que a droga "mostrou sutil eficácia somente quando administrada a crianças dentro dos primeiros 6 meses após o diagnostico", após o qual o tratamento foi ineficaz. "Após 30 meses, pacientes tomando a terapia mostraram menores declínios nos níveis de peptídeo-C, uma proteína que reflete a secreção de insulina do corpo".

Fonte: Endocrine Daily Briefing

Desinfetantes deixam bactérias mais fortes

Um estudo americano mostrou que bactérias expostas a pequenas doses de biocidas, usados em desinfetantes e antissépticos, podem ficar mais fortes e imunes a antibióticos, em vez de serem eliminadas

REDAÇÃO ÉPOCA

Se você usa desinfetantes pensando que vai eliminar o perigo de contaminação da sua família por bactérias, talvez seja a hora de repensar as compras de material de limpeza para o lar. A edição de outubro da revista Microbiology publicou um estudo que provou que produtos químicos usados para matar bactérias podem estar fazendo o contrário: deixando os microrganismos ainda mais resistentes.

Se usadas em pequenas quantidades, essas substâncias, chamadas biocidas, podem fazer com que a potencialmente letal bactéria Staphylococcus aureus se torne mais resistente à ação de antibióticos. O S. aureus é responsável por infecções no coração, medula óssea, pele e sistema gastrointestinal. A doença mais perigosa provocada pelo microorganismo é uma síndrome, que leva à pressão baixa, febre, perda de consciência e insuficiência de múltipla dos órgãos.

Biocidas fazem parte da composição de desinfetantes e antissépticos, normalmente usados na limpeza doméstica, hospitais, esterilização de equipamentos médicos e descontaminação da pele antes de cirurgias. A pesquisa mostrou que tais produtos matam bactérias e outros microrganismos se forem usados em níveis corretos. Entretanto, se quantidades inferiores aos indicados forem aplicadas no local que deveria ser esterilizado, os micróbios podem sobreviver, tornando-se mais resistentes em uma aplicação futura.

Os pesquisadores expuseram amostras de S. aureus a baixas concentrações de diversos biocidas usados freqüentemente em hospitais. Ao analisar o efeito da exposição, identificaram o surgimento de bactérias mutantes, mais fortes e capazes de diminuir o efeito de antibióticos.

Segundo os estudos, se bactérias que vivem em ambientes protegidos são expostas repetidamente a biocidas, por exemplo, durante a atividade de limpeza, elas podem desenvolver resistência a desinfetantes e até a antibióticos. Por isso, os pesquisadores destacam a importância do uso cuidadoso e adequado tanto de antibióticos como de biocidas.

Fonte:

Revista Época

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terça-feira, 30 de setembro de 2008

Relatos ligando deficiência de vitamina D a maior mortalidade pode levar alguns a se intoxicarem com a vitamina

UPI (30/9 em inglês) relata que estudos recentes ligando baixos "níveis de vitamina D" a maior mortalidade tem levado "algumas pessoas a tomar vitamina D em excesso", os pesquisadores disseram. Ainda, "outros estudos mostram toxicidade significativa em pessoas que consumiram 2.000 UI de vitamina D diariamente, em parte porque a vitamina D é solúvel em gordura e tende a acumular no corpo quando ingerida em excesso". Boyd Lyles, médico do U.S. Preventive Medicine, recomenda ao pacientes a perguntarem aos seus médicos sobre "risco pessoal de deficiência de vitamina D e quanto sol ou suplementos devem tomar".

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Descoberto hormônio em ratos que pode ajudar a tratar problemas associados à obesidade

HealthDay (19/9, em inglês) relata, "cientistas acreditam ter descoberto uma nova classe de hormônios em ratos que pode ajudar a parar ou reverter condições relacionadas ao diabetes tais como resistência à insulina e esteatose hepática (gordura no fígado)", conforme estudo da 'Harvard School of Public Health' publicado no jornal Cell. "Lipocinas, ao contrário de outros hormônios que são baseados em esteróides ou proteínas, são encontrados nas células de gordura de ratos geneticamente modificados. Um destes hormônios 'C16:1n7' ou palmitoleato, parece sinalizar aos músculos e ao fígado para aumentar a sensibilidade à insulina e bloquear a acumulação de gordura". O hormonio "também parece reduzir a inflação, um fator primário da doença metabólica". Se nas pessoas o hormônio apresentar efeito semelhante, a descoberta "pode permitir o desenvolvimento de tratamento ou de prevenção contra as desordens metabólicas associadas com a obesidade tais como a aterosclerose e o diabetes".

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Bactéria intestinal “amiga” pode ajudar a prevenir o diabete melito tipo 1

A britânica Press Association (22/9) informa que pesquisadores da Universidade de Yale e Chicago descobriram que um "bactéria 'amiga' do intestino pode proteger contra o diabete melito tipo 1". Conforme um estudo publicado na Nature, os pesquisadores também "demonstraram um papel para a proteína do sistema imune MyD88 no diabete tipo 1".

Resumidamente os pesquisadores criaram ratos predispostos a desenvolver diabetes tipo 1 em um ambiente totalmente livre de germes (portanto sem bactérias no intestino) e 80% dos ratos apresentaram diabetes tipo 1 grave. Quando criados em condições normais (portanto com bactérias no intestino usuais) apenas um terço desenvolveu diabetes tipo 1.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Risperidona associada a antidepressivos reduz a ocorrência de ideação suicida

A associação entre medicações antidepressivas e risperidona, um antipsicótico não convencional, parece ser útil no tratamento de pacientes com transtorno depressivo maior que apresentam tendências suicidas.

Na edição de agosto do Journal of Clinical Psychiatry, Dra. Xiaohua Li, da University of Alabama, em Birmingham, e colaboradores observaram que “a terapia antidepressiva por si só não é suficiente para o tratamento imediato de sintomas depressivos de risco.”

Para investigar se o acréscimo de risperidona seria útil, os pesquisadores estudaram 24 pacientes com ideação suicida que foram randomizados para receber risperidona ou placebo em adição à medicação antidepressiva.

Utilizando a Escala de Ideação Suicida de Beck (EISB) e outros instrumentos de auto-avaliação clínica, a equipe descobriu que o uso da risperidona levou a uma redução significativa de ideação suicida durante as 8 semanas de tratamento.

Tanto placebo quanto risperidona alcançaram uma redução de 22% na média da pontuação da Escala de Beck (EISB) na primeira semana. Contudo, somente no grupo que utilizou risperidona, houve uma redução de 20% na pontuação da EISB entre a primeira e a última semana de tratamento.

Risperidona também se mostrou melhor que o placebo ao tratar outros sintomas que parecem estar relacionados ao suicídio, entre eles a impulsividade.

Ao comentar esses achados, Dra. Li declarou à Reuters Health que “o tratamento farmacológico efetivo de idéias suicidas na depressão ainda não foi estabelecido. O efeito anti-suicida da risperidona encontrado nesse estudo é de grande valor para o tratamento imediato de pacientes com pensamentos suicidas e com outros sintomas depressivos graves, que é uma estratégia importante para o tratamento da depressão em tempo hábil”.

Embora esse estudo piloto seja limitado por ter uma pequena amostra, Dra. Li e colaboradores concluíram que “os resultados promissores justificam uma continuação da investigação, em larga escala, da eficácia dos antipsicóticos não convencionais no tratamento de pacientes com depressão grave e tendências suicidas.”


Fonte:
J Clin Psychiatry 2008;69:1228-1236.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Pacientes com controle rigoroso imediatamente após o diagnóstico de diabete melito podem ter menos complicações tardias

No Los Angeles Times's (9/10, Dennis), Tami Dennis escreveu que, para pacientes com diabete melito, "o controle da glicose não é uma tarefa fácil, mas é crucial, e, mesmo se agora não parece importante, será cobrado no futuro". U novo estudo publicado em 10 de setembro de 2008 no New England Journal of Medicine traz crédito a esta afirmação.

O chefe do estudo Rury R. Holman, da Universidade de Oxford, e auxiliares, "estudaram originalmente 4209 pacientes recém diagnosticados com diabetes melito atribuídos a um tratamento com dieta ou com medicamentos", segundo informa a AP (9/10, Chang) (em inglês). Eles encontraram que os pacientes "que alcançaram um controle rigoroso da glicemia – mesmo se somente pela primeira década após o diagnóstico – tiveram menos riscos de ataque cardíaco, morte e outras complicações 10 ou mais anos depois". A "descoberta desde 'efeito legado' pode por nova ênfase sobre o tratamento rigoroso quando as pessoas descobrem que estão com diabetes tipo 2".

Em um estudo secundário, os pesquisadores "atribuíram aleatoriamente mais de 1100 diabéticos tipo 2 com pressão alta a um controle rigoroso ou moderado da pressão arterial por um período de 4 anos", HealthDay (9/10, Reinberg) acrescentou. Em seguida, "os participantes foram instruídos a controles anuais com os pesquisadores, mas novas tentativas não foram feitas pelos pesquisadores para manter cada paciente em seu tratamento atribuído originalmente". Os autores encontraram que "qualquer diferença na pressão arterial entre os dois grupos (controle rigoroso e moderado) desapareceu em dois anos após o final do estudo, e os paciente voltaram ao controle mesmo que ótimo". Baseado nestes achados, Holman conclue que o "controle da glicemia, e não da pressão arterial, pode ser mais efetivo em ajudar os diabéticos no longo prazo, em termos de reduzir as complicações relacionadas ao diabete". MedPage Today (9/10, Peck), WebMD (9/10, Hitti), and HeartWire (9/10, Wood) também cobriram esta história (em inglês).

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Pacientes com esteatose hepática não alcoólica e níveis normais de ALT ainda podem estar em risco de doença hepática grave

MedPage Today (9/9, Phend) relata que "pacientes com doença hepática gordurosa não alcoólica (NAFLD, na sigla em inglês – nonalcoholic fatty liver disease) mas com níveis normais de aminotrasferase (ALT) estão ainda em risco de doença hepática grave", segundo um estudo publicado em setembro no periódico Hepatology. No estudo, "pesquisadores reviram os dados de 458 pacientes com esteatose hepática não alcoólica que fizeram biópsia de janeiro de 2003 a junho de 2006". Um total de "395 (86%) tinham níveis de enzimas alteradas; 63 com ferritina persistentemente elevada ou esteatose de longa duração apresentavam níveis normais de ALT". A presença de diabetes e ALT predizeram doença hepática gordurosa não alcoólica em todos os pacientes. Enquanto que ferritina, diabetes e ALT independentemente predizeram fibrose grave em todos os pacientes, enquanto diabetes e ferritina predizeram fibrose grave "naqueles com ALT elevada". Mas, "somente HOMA-IR predisse mais fibrose grave em pacientes com ALT normal (OR 1.97, 95 percent CI 1.2 to 3.7)", que "sugere que a biópsia hepática pode ser mandatória  na maioria dos casos, a menos que testes sensíveis e específicos ainda não disponívies provem sua eficácia".

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Dieta do Mediterrâneo e dieta pobre em carboidratos superam dieta hipolipídica na alteração das concentrações séricas de lipídeos e no controle de pes

Uma recente pesquisa sugere que a dieta do Mediterrâneo e a dieta pobre em carboidratos podem ser alternativas efetivas à dieta hipolipídica, com melhores efeitos no controle glicêmico e no controle lipídico propriamente dito. O estudo, com duração de dois anos, manteve 85% dos 322 participantes em uma das três dietas e apresentou a possibilidade da individualização de dietas para perda de peso, modificando-as de acordo com preferências pessoais, sem prejudicar sua eficácia.

Segundo Dra. Iris Shai, da Ben Gurion University of the Negev, Beer-Sheva, Israel, em declaração à heartwire, vários estudos relativos a dietas realizados no último ano levaram a American Diabetes Association a definir em janeiro de 2008 que dietas pobres em carboidratos devem ser mantidas por no máximo um ano.

Dra. Shai e colaboradores publicaram os resultados desse estudo, Dietary Intervention Randomized Controlled Trial (DIRECT), na edição de julho do New England Journal of Medicine

Opções dietéticas

Ao início do estudo, os pacientes envolvidos apresentavam média de idade de 52 anos e obesidade moderada (índice de massa corporal [IMC] = 31). Todos os participantes foram randomizados para uma das três dietas: restrição calórica/pobre em gordura, restrição calórica/Mediterrâneo e pobre em carboidratos sem restrição calórica. Após 2 anos, a adesão dos participantes as suas respectivas dietas foi: > 90% no grupo submetido à dieta pobre em gordura, 85% no grupo da dieta Mediterrânea e 78% no grupo submetido à dieta pobre em carboidratos.

A perda de peso foi observada nos três grupos, ao longo dos 24 meses, mas foi maior nos grupos das dietas pobre em carboidratos e mediterrânea. Entre os homens, população predominante do estudo, a perda de peso foi maior no grupo da dieta pobre em carboidratos, enquanto entre as mulheres, apenas 45 nessa coorte, a perda foi maior com a dieta do Mediterrâneo. Quando a análise foi realizada com os 272 pacientes que completaram o programa integralmente, o padrão observado de perda de peso associada a cada dieta foi similar.

Perda de peso

Grupo

Hipolipídica (kg) 

Mediterrânea (kg) 

Pobre em carboidratos (kg) 

Todos pacientes

–2,9

–4,4

–4,7

Todos que completaram 

–3,3

–4,6

–5,5

Homens

–3,4

–4,0

–4,9

Mulheres

–0,1

–6,2

–2,4

As modificações nos parâmetros lipídicos foram maiores nos grupos das dietas mediterrânea e pobre em carboidratos. O aumento de concentração da lipoproteína de alta densidade (HDL) e a diminuição da concentração de triglicerídeos foram mais pronunciadas no grupo da dieta pobre em carboidratos, enquanto a redução da concentração de lipoproteínas de baixa densidade (LDL) foi maior no grupo da dieta mediterrânea. 

Modificações lipídicas 

Parâmetros 

Pobre em gordura (mg/dL) 

Pobre em carboidratos (mg/dL) 

Mediterrânea (mg/dL) 

HDL 

+6,4

+8,4

+6,3

LDL 

–0,05

–3,0

–5,6

Triglicerídeos 

–2,8

–23,7

–21,8

Razão de colesterol total/HDL  

–0,6

–1,1

–0,9

No subgrupo de pacientes diabéticos, apenas 36 de 322 participantes, a dieta mediterrânea apresentou melhores resultados com relação às concentrações séricas de glicose de jejum. 

Esses resultados sugerem que as dietas do Mediterrâneo e pobre em carboidratos são alternativas efetivas às dietas hipolipídicas. Segundo a autora, os efeitos benéficos nas concentrações lipídicas com a dieta pobre em carboidratos e no controle glicêmico com a dieta mediterrânea sugerem que as preferências pessoais e as considerações metabólicas podem auxiliar na individualização das intervenções dietéticas.

Há controvérsias sobre o artigo, mas no que vários autores concordam é que desfechos que envolvam controle metabólico são necessários, assim como a intervenção para a perda de peso.

Dr. Eric Westman, do Duke Clinical Research Institute, Durham, NC, em um comentário sobre o estudo para a heartwire declarou que é interessante estudar dietas pobres e ricas em gorduras em associação a marcadores genéticos e cardíacos com o intuito de desenvolver prescrições dietéticas individualizadas.

Fonte:

N Engl J Med. 2008;359:229-241 [link]

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Insulina Inalada pode causar pequenas mudanças na função pulmonar

Medscape (8/29, Barclay, Vega) relatou que a "terapia com insulina humana inalada (Exubera) causou pequenas mudanças no volume expiratório forçado no primeiro segundo, e ganho de peso menor comparado à insulina subcutênea em pacientes com diabetes tipo 2", conforme estudo publicado em setembro no periódico Diabetes Care. Para o estudo Julio Rosenstock, M.D., do 'Dallas Diabetes and Endocrine Center' em Dallas, Texas, e colaboradores, avaliaram a função pulmonar 635 adultos não fumantes com diabetes tipo 2. Os participantes foram aleatoriamente tratados com insulina inalada antes das refeições ou com insulina subcutânea (regular ou rápida) mais insulina basal para ambos. Os investigadores encontraram que "insulina inalada foi associada com maior incidência de tosse leve e dispnéia. Ganho de peso foi menos pronunciado com insulina inalada que com insulina subcutânea". Os autores concluem que "insulina inalada não afeta negativamente a função pulmonar comparado à insulina subcutânea durante dois anos de tratamento". Medscape ressalta que a Pfizer, fabricante do Exubera patrocinou o estudo.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Estudo sugere que nascidos de cesariana têm risco aumentado de desenvolver diabetes tipo 1

A "Press Association" em 26 de agosto de 2008 relata que um estudo publicado online no periódico Diabetologia indica que "nascidos por cesariana tem 20% a mais de chance de tornar diabético tipo 1 na infância". Enquanto "as razões para tal associação não serem claras", os pesquisadores do Queen's University Belfast "pensam que a exposição à bactérias hospitalares possam estar envolvidos". Além disso, o "risco aumentado não pode ser explicado por outros fatores como peso ao nascer, idade da mãe, ordem do nascimento, diabetes gestacional ou se a criança foi amamentada".

O "risco normal de uma criança tornar-se diabética tipo 1 é 3 em 1000" apontou a BBC (em 25 de agosto de 2008). Ainda, o autor do estudo, Dr. Chris Cardwell disse, "Diabetes tipo 1 na infância tem aumentado a prevalência na Europa recentemente, e a taxa deste aumento sugere que fatores ambientais sejam a causa".

Olhando a teoria, os pesquisadores reviram "20 estudos sobre crianças com diabetes tipo 1", reportou o jornal Times (em 26 de agosto de 2008). Os investigadores "encontraram um conjunto de evidencias sobre o risco das cesarianas, que na Inglaterra responde atualmente por ¼ dos partos e no Brasil por mais de ¾, enquanto a taxa recomendada pela Organização Mundial de Saúde é de 10 a 15%.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Uso Prolongado de Inibidor de Bomba de Prótons (OMEPRAZOL entre outros) pode aumentar o risco de fraturas

Em estudo publicado pelo Canadian Medical Association Journal encontrou que pacientes que tomam inibidores de bomba de prótons – omeprazol entre outros – regularmente for 5 anos ou mais tem uma chance 44% maior de fratura de fêmur comparado aos que não usam estes medicamentos.

Neste estudo, os pesquisadores observaram mais de 60.000 adultos com mais de 50 anos, incluindo quase 16.000 que tiveram uma fratura de fêmur, coluna ou punho devido a osteoporose. Entre os que quebraram o fêmur a chance de tomar inibidor de bomba de prótons por 5 anos ou mais foi 62% mais provável que entre os sem fratura. Entre os que usaram os medicamentos por mais de 7 anos o risco de fratura aumentou 400%.

Os pesquisadores supõem que os inibidores de bomba de prótons possam bloquear a absorção de cálcio, que fortalece os ossos. É digno de nota que para os pacientes com problemas graves de estomago – como úlceras sangrantes – os benefícios superam os riscos. Mas para aqueles usando as drogas rotineiramente para controlar sintomas leves de indigestão é aconselhável consultar um médico para, se possível, tentar outra forma de tratamento.

domingo, 17 de agosto de 2008

Função da tireóide, doença isquêmica cardíaca e idade

Metanálise publicada em agosto de 2008 no JCEM conclui que entre o hipotireoidismo aumenta os riscos de doença isquêmica cardíaca apenas entre as pessoas mais novas (<65 anos). Este achado fornece uma boa esplicação para os resultados discrepantes relatados em estudo prévios e dá suporte ao conceito que hipotireoidismo leve é prejudicial em adultos jovens e de meia-idade, enquanto pode ser sem risco ou mesmo benéfico nas pessoas de idade avançada.

Entretanto antes de se tirar conclusões que possam ser usadas na prática clínica diária deve-se esperar por mais estudos que confirmem que a terapia com levotiroxina precoce no hipotireoidismo será capaz de reverter o risco em pacientes com hipotireoidismo leve.

Fonte:

EDITORIAL:Mild Hypothyroidism and Ischemic Heart Disease: Is Age the Answer? J Clin Endocrinol Metab 2008 93: 2969-2971 [Full Text]

sábado, 16 de agosto de 2008

Hemoglobina glicosilada A1c para varredura e diagnóstico de Diabete Melito

Proposto em consenso patrocinado pela EndoSociety que a hemoglobina glicosilada A1c seja usada para screening e diagnóstico de diabete melito.

Seria considerado screenig positivo, portanto necessitando de uma nova dosagem de A1c ou de testes confirmatórios, valor igual ou maior a 6,5%.

Seria diagnóstico de diabetes melito a dosagem aleatória de A1c (não é necessário jejum) maior ou igual à 6,5% (por método padronizado pelo NGSP) mais confirmação, após jejum de pelo menos 8h, por glicemia de jejum acima ou igual 126 mg/dL ou após teste de tolerância à glicose maior ou igual 200 mg/dL.

Fonte:

Saudek et al. A new look at screening and diagnosing diabetes mellitus. J Clin Endocrinol Metab. 2008, 93(7):2447–2453

Caracterização de Hipertensão Resistente

Hipertensão resistente é um problema comum e aumenta muito o risco de lesão em órgãos alvo. Gaddam e colaboradores compararam prospectivamente 279 pacientes consecutivos com hipertensão resistente com 53 controles. Os pacientes resistentes são caracterizados por níveis altos de: aldosterona plasmática, aldosterona em urina de 24h e peptídeos natriuréticos atrial e cerebral (ANP e BNP na sigla em inglês). Estes achados sugerem que o aumento dos níveis de aldosterona e a associada expansão do volume intravascular a despeito do tratamento contínuo com diurético tiazídico pode ser a causa da resistência à terapia anti-hipertensiva. Análise de regressão linear mostrou que há uma correlação entre os níveis de aldosterona e cortisol urinários, sugerindo um estímulo comum, tal como corticotropina (mais conhecido como ACHT na sigla em inglês), pode ser a causa do excesso de aldosterona nos pacientes resistentes.

Fonte:

Gaddam et al. Characterization of Resistant Hypertension. Arch Intern Med. 2008;168(11):1159-1164.

domingo, 27 de julho de 2008

Glicemia após a glicose melhor que glicemia em jejum em crianças obesas

A glicemia de jejum descobriu menos crianças e adolescentes com pré-diabetes que a glicemia 2 horas após uma dose de glicose oral em crianças e adolescentes obesos em uma pesquisa no Canadá.

Apesar de a recomendação da ADA (American Diabetes Association) ser que a melhor ferramenta de 'screening' é a glicemia de jejum nesta coorte canadense usar apenas a glicemia de jejum paria perder um em quatro pré-diabéticos.

Fonte:

BMJ 2008;337:a488

segunda-feira, 21 de julho de 2008

O papel da Vitamina D em aumentar a longevidade

Um estudo liderado por pelo Dr. J. Brent Richards, do St. Thomas Hospital, Londres, Inglaterra, focou na associação entre os níveis de vitamina D e o comprimento dos telômeros leucocitários – quanto mais comprido menos envelhecido é biologicamente uma pessoa é.

Quando menor a concentração sanguínea de Vitamina D menor foi o comprimento dos telômeros leucocitários. Apesar de o estudo não poder fazer associações causais parece que a vitamina D é importante para modular a resposta inflamatória e também o envelhecimento.

Fonte:

Richards JB, Valdes AM, Gardner JP et al. Higher serum vitamin D concentrations are associated with longer leukocyte telomere length in women. Am J Clin Nut, 2007:86;1420–5

Dormir pouco associado a obesidade e Diabetes Melito

A tese da associação entre a privação de sono com a obesidade e o diabetes melito foi apresentada pela Dr. Eve Van Cauter na ENDO 07. Estudo epidemiológicos realizados desde a década de 1960 mostram que a duração média do sono entre os norte-americanos reduziu de 9 a 8 horas para menos de 7 atualmente. Há dados de experimentos em laboratório mostrando que a falta de sono causa aumento da resistência à insulina, reduz a capacidade das células β pancreáticas de compensarem a resistência à insulina, causa um desequilíbrio entre os hormônios da fome e saciedade para um estado de mais fome.

A forma de corrigir este problema é pedir que as pessoas durmam um pouco mais, entre uma a uma hora e meia por noite. Mas se a adesão for semelhante à solicitação que sejam mais fisicamente ativas ou que reduzam a quantidade de calorias consumidas por dia os resultados não são animadores.

sábado, 28 de junho de 2008

Mimético de restrição calórica - Desacoplador de Mitocôndrias

Há muito que já se sabe dos benefícios de se fazer restrição calórica sobre a duração da vida . O problema é que as pessoas querem comer mais, e não menos. Para cinco pesquisadoras da USP, a saída talvez seja enfraquecer as mitocôndrias para fazer o organismo trabalhar melhor.

Pesquisadores da USP liderados pela médica Dr. Alicia Kowaltowski usando o já conhecido 2,4-dinitrofenol (DNP), que inclusive já foi usando como medicamento para emagrecer e ainda é usado como raticida, em doses bem baixas os ratos da pesquisa tiveram um aumento na longevidade de 7%.

Dica do Marcelo Coelho no Blog Ciência em Dia

Publicação da Aging Cell [PubMed]


terça-feira, 24 de junho de 2008

Viagra turbina, também no esporte

Fonte: Folha de São Paulo, terça-feira, 24 de junho de 2008 (link para assinante)

Remédio contra disfunção erétil tem sido usado para melhorar a performance atlética e gera monitoramento da Wada

Agência afirma não haver um estudo conclusivo para apontar substância como proibida, mas há indícios de ajuda em grandes altitudes

ADALBERTO LEISTER FILHO
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

A droga que ajudou milhões de pessoas a melhorar sua performance na cama pode estar auxiliando agora alguns atletas a se superarem. No esporte.
O Viagra é o novo alvo dos controles antidoping. Surgida há dez anos, a pílula azul tem sido utilizada por atletas de diversas modalidades, como beisebol, ciclismo e alpinismo.
"Ela melhora a irrigação sangüínea para os músculos", afirmou à Folha Don Catlin, coordenador do Laboratório Antidoping da Ucla (Universidade da Califórnia em Los Angeles).
"Cada vez que há a apreensão de drogas proibidas [no esporte], pode ter certeza de que também é encontrado Viagra."
Foi Catlin quem, há cinco anos, revelou a existência do THG, esteróide anabólico concebido especialmente para fraudar testes. O escândalo gerado por sua descoberta detonou a maior crise da história do atletismo norte-americano.
Victor Conte, dono do Balco, laboratório que produzia o THG, conta que o uso de Viagra está disseminado nos EUA.
"Todos meus atletas tomaram. É melhor do que a creatina", afirma ele, cuja empresa fornecia drogas para competidores de atletismo, ciclismo, beisebol e futebol americano.
Apesar das evidências, porém, Catlin não defende o banimento do remédio no esporte.
"Sou contra a proibição até que haja estudo mais aprofundados da Wada [Agência Mundial Antidoping] sobre o tema."
As pesquisas são embrionárias, mas já existe um estudo no ciclismo que concluiu que o Viagra auxilia o desempenho do atleta em altas altitudes.
A droga passou a ser usada por competidores nas etapas de montanha de provas desgastantes de estrada, como a Volta da França e a da Espanha.
Mas foi no Giro da Itália, em maio, que ocorreu a primeira punição por posse de Viagra.
Andrea Moretta foi suspenso da equipe Gerolsteiner após a polícia descobrir, no carro do pai do ciclista, 82 pílulas de Viagra, além de seringas dentro de tubos de pasta de dente.
Integrante do estafe do controle de dopagem comandado pelo médico Eduardo de Rose, Alexandre Veli Nunes, professor da Universidade Federal do RS, relata outro emprego do remédio. "Nos Jogos [de Inverno] de Turim-2006, controladores comentaram que muitos alpinistas que escalam o Everest sem auxílio de cilindros de oxigênio têm usado Viagra."
Recentemente, a Wada decidiu financiar uma pesquisa que estuda se o medicamento é capaz de aliviar sintomas respiratórios de atletas que irão competir em ambientes poluídos.
As conclusões iniciais apontam para um "sim" como resposta: "Há melhora profunda na pressão da artéria pulmonar, no bombeamento do coração e na capacidade de se exercitar com pouco oxigênio".
Tais conclusões podem conduzir o Viagra para a lista de substâncias proibidas. Contudo essa alteração só começaria a valer a partir do ano que vem.
Ou seja, na Olimpíada de Pequim -cidade que é conhecida pela má qualidade do ar-, é possível que competidores usem o Viagra para ganho de performance esportiva.
Apesar do risco de uma "fraude legal", a Wada desconversa sobre o assunto. Questionada, a entidade afirma que não há estudos conclusivos.
"A Wada está ciente de que há muitos estudos sobre o uso do sildenafil [princípio ativo do Viagra] em altas altitudes", afirma Frédéric Donzé, gerente de comunicações da Wada.
"Monitoramos a droga, como muitas outras, e financiamos investigação sobre a melhora de performance com o sildenafil em várias altitudes. Mas este estudo está em curso."

Sal estimula obesidade em crianças, diz pesquisa

Dietas ricas em sal podem ser a chave para explicar a obesidade em algumas crianças, segundo uma pesquisa da Universidade de Londres divulgada na revista especializada Hypertension. Em um estudo com dados de 1.600 crianças, os pesquisadores concluíram que aquelas que têm uma dieta alta em sal têm tendência a beber mais líquido, inclusive refrigerantes e refrescos adoçados com açúcar.

Segundo os cientistas, ao cortar pela metade o consumo diário médio de sal de 6 gramas por dia, as crianças estariam cortando 250 calorias de sua dieta semanal. Os pesquisadores pediram à indústria que reduza a quantidade de sal dos alimentos.

Uma em cada cinco crianças na Grã-Bretanha está acima do peso e teme-se que isso contribua para o aumento da tendência de obesidade, doenças cardíacas e derrames na fase adulta.

Consumir produtos ricos em sal tende a provocar sede nas pessoas e estudos anteriores já demonstraram que, em adultos, uma dieta rica em sal aumenta o consumo de refrigerantes e refrescos adoçados. Este é o primeiro estudo a identificar o mesmo efeito em crianças.

Primeiro entre as crianças

A equipe do hospital universitário St George’s avaliou dados da Pesquisa Nacional de Dieta e Nutrição conduzida em 1997 e usou uma amostra de 1.600 crianças, entre quatro e 18 anos de idade, que tiveram o consumo diário de sal e líquidos medidos com precisão.

A equipe concluiu que as crianças que comiam menos sal bebiam menos líquidos, e estimou que o corte de um grama de sal da dieta diária equivale à redução de 100 gramas no consumo diário de líquidos. Aproximadamente um quarto dessas 100 gramas corresponderia à bebidas adoçadas, segundo previsão dos cientistas.

Os pesquisadores estimam que se as crianças cortarem o consumo diário de sal pela metade – uma redução média de três gramas por dia – haveria uma redução de cerca de dois copos de bebida adoçada por semana, por criança.
Isso, por sua vez, diminuiria o consumo semanal de calorias em quase 250 calorias.

Os pesquisadores aconselham os pais a checar a quantidade de sal na embalagem de alimentos infantis para encontrar formas de reduzir este consumo. Segundo a equipe, reduções de 10% a 20% da quantidade de sal são imperceptíveis pelos receptores gustativos humanos.

Graham McGregor, um dos autores do estudo e presidente da Ação de Consenso sobre Sal e Saúde, disse que enquanto alguns fabricantes já agiram para reduzir os níveis de sal em pães e cereais – as principais fontes de sal para crianças – ainda há muito a ser feito pela indústria.

Segundo o médico, muitos dos alimentos processados destinados às crianças são salgados em nome do sabor. “O nível de sal desses produtos chega a quase o mesmo nível que a água do mar.”

Pedido de rótulo

Myron Weinberger, do Centro Médico da Universidade de Indiana disse que a redução do consumo de sal e bebidas açucaradas entre as crianças, combinados ao aumento das atividades físicas, poderiam ajudar a diminuir “a calamidade da doença cardiovascular” na sociedade ocidental.

Um porta-voz da British Heart Foundation disse que a melhor rotulagem de alimentos ajudaria os pais a escolher alimentos mais saudáveis para suas famílias. “Quando as crianças consomem alimentos salgados regularmente com bebidas adoçadas e calóricas, isso pode representar problemas duplos para o futuro da saúde de seus corações.”

“Esse relatório é mais uma prova de que as crianças têm que receber apoio para fazer escolhas saudáveis em termos de alimentos e evitar serem obesas ou aumentar sua pressão sangüínea.”

Fonte:
BBC

domingo, 15 de junho de 2008

Erva de São João ('Hypericum perforatum') não é efetiva na Síndrome de Atenção e Hiperatividade

Em estudo duplo cego, randomizado e controlado por placebo a Erva de São João (Hypericum perforatum) não foi diferente que o placebo em oito semanas de estudo para controlar os sintomas da Síndrome da Atenção e Hiperatividade.
Referência:
Weber et al. Hypericum perforatum (St John's Wort) for Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder in Children and Adolescents. JAMA. 2008;299(22):2633-2641.

Nova arma contra a tuberculose: minutos grátis no celular!

Em notícia de Jay Lindsay da Associated Press WriterMassachusetts Institute of Technology Potential new weapon against TB: free cell minutes

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Estudo liga consumo de álcool a redução de risco de artrite

Da BBC Brasil
Uma pesquisa realizada por pesquisadores suecos sugere que tomar bebidas alcoólicas regularmente reduz em até 50% os riscos de artrite reumatóide.

A equipe, da Universidade de Karolinska, analisou 2.750 voluntários em dois estudos separados.

Eles observaram que os que tomavam o equivalente a cinco taças de vinho por semana tinham as chances de desenvolver a doença reduzidas pela metade.

A artrite reumatóide é uma doença auto-imune caracterizada, principalmente, pela inflamação das articulações.

Tabaco

Os pesquisadores avaliaram os fatores genéticos e externos que poderiam contribuir para o aparecimento da doença.

Os participantes responderam questionários sobre seus estilos de vida e tiveram amostras do sangue testadas para investigar os fatores genéticos.

O coordenador do trabalho, Henrik Kallberg, salientou que uma das descobertas mais importantes foi a de que fumar contribui significativamente para as chances de desenvolver a artrite.

"No entanto, é importante saber que o consumo moderado de álcool não causa danos e, em alguns casos, pode ser benéfico", disse o pesquisador.

Estudos anteriores já haviam apontado a ligação entre bebidas alcoólicas e redução de outros processos inflamatórios, como doenças cardiovasculares. A razão para isso, no entanto, ainda não é evidente.

Os pesquisadores salientaram que o consumo excessivo de álcool pode acarretar uma outra gama de problemas de saúde.

A pesquisa foi publicada na revista especializada "Annals of the Rheumatic Diseases".

Referência:
http://cienciaesaude.uol.com.br/ultnot/bbc/2008/06/05/ult4432u1335.jhtm

domingo, 8 de junho de 2008

Estudo Advance

A parte do estudo Advance que estudou o controle intensivo da glicose mostrou que é seguro manter a hemoglobina glicosilada A1c <6,5% e reduz complicações microvasculares além de mostrar reduções macrovasculares (mas não foi estatisticamente significativo).

Referência:

http://www.advance-trial.com

Tratamento com L-Carnitina reduz a fadiga física e mental e melhora a função cognitiva em centenários

Em estudo randomizado duplo cego controlado por placebo, liderado por Mariano Malaguarnera da Universidade de Catania na Itália, demonstrou que a suplementação com 2 gramas ao dia de L-Carnitina resultou em melhora na redução da gordura corporal; aumento na massa muscular e diminuição da fadiga física e mental.

Referência:

Malaguarnera, Mariano et al. L-Carnitine treatment reduces severity of physical and mental fatigue and increases cognitive functions in centenarians: a randomized and controlled clinical trial. Am J Clin Nutr
2007;86:1738-1744

domingo, 1 de junho de 2008

1,5% dos homens têm hormônio baixo

Pesquisa realizada na cidade de Boston, EUA, em 1.486 homens, detectou deficiência de hormônio masculino em cerca de 1,5%. O estudo publicado no último número da revista "Archives of Internal Medicine" pela professora Susan A. Hall e colaboradores, detectou presença de andrógenos abaixo da taxa normal no organismo, inclusive testosterona.
Os homens portadores desta deficiência apresentavam sintomas como baixa libido, disfunção erétil e osteoporose, além de outros menos específicos como distúrbio do sono, depressão e cansaço. Dos 97 homens com taxa baixa de andrógenos, a grande maioria (87,8%) não recebia tratamento, apesar da possibilidade de ter atenção médica.

Referencias:

Arch Intern Med. 2008;168(10):1070-1076 [Abstract]

terça-feira, 27 de maio de 2008

Vitaminas podem encurtar a vida e não prolongá-la, diz estudo

Comprimidos com antioxidantes são usados por quem quer retardar a velhice.
Médicos alertam que eles devem ser consumidos com muito cuidado.

Do New York Times

Um estudo sobre 67 testes aleatórios realizados com suplementos antioxidantes não encontrou nenhuma evidência de que eles prolonguem a vida e ainda descobriu uma forte evidência de que eles podem encurtá-la. Os testes incluíram quase 250 mil participantes, incluindo pessoas saudáveis e pessoas com vários tipos de doenças.

Os autores do estudo descobriram que, no geral, suplementos antioxidantes não tiveram efeito sobre a mortalidade. No entanto, nos estudos mais extremos (19 testes duplo-cego com boa aleatoriedade e acompanhamento), suplementos em doses consideravelmente mais altas que aquelas contidas em pílulas com múltiplas vitaminas aparentaram aumentar o risco de morte em 16% para vitamina A, 7% para betacaroteno e 4% para vitamina E. Não houve diferença se os grupos testados estavam doentes ou saudáveis. Vitamina C e selênio, por outro lado, não tiveram efeito discernível.

Os autores defendem suas conclusões assertivamente. "Betacaroteno, vitamina A e vitamina E, administradas individualmente ou combinadas com outros suplementos antioxidantes, aumentam significativamente a mortalidade", escrevem.

O estudo, publicado em 16 de abril na Cochrane Library, também conclui que é necessário realizar mais pesquisas sobre a vitamina C e o selênio. Mas os autores alertam que, devido aos riscos dos suplementos antioxidantes em geral, esses trabalhos deverão ser realizados sob a direção de comitês de segurança e com monitoramento de dados independente e cuidadoso.

Spray de Pimenta para repelir insetos

Moléculas aparentadas com o princípio ativo da pimenta repeliram mosquitos por até 73 dias; agora, testes dirão se são tóxicas para humanos.

Levou mais de meio século, mas surgiu agora uma nova família de repelentes de insetos mais eficaz que o produto mais usado hoje no mundo, o DEET. Alguns deles são bem mais eficientes, repelindo mosquitos por até três vezes mais tempo.
Mas ainda é necessário fazer testes para uso humano, e alguns anos devem se passar até que as prateleiras das farmácias exibam essas novas armas contra os transmissores da dengue, da malária e da febre amarela -doenças que sempre assolaram ou voltaram a assolar os brasileiros.
"O processo de comercialização pode às vezes levar anos. Baseado nos requerimentos nos Estados Unidos, nós vamos precisar obter uma aprovação toxicológica antes de testar na pele de voluntários humanos. E, caso os repelentes tenham bom desempenho, vai ser preciso então fazer mais testes toxicológicos para determinar quaisquer efeitos crônicos, de longo prazo", disse à Folha um dos autores do estudo, Ulrich Bernier, pesquisador do Departamento de Agricultura dos EUA. Ele e seus colegas testaram vários compostos conhecidos como N-acilpiperidinas, substâncias aparentadas com o ingrediente ativo da pimenta.
A eficácia dos compostos foi testada em "cobaias" humanas, que eram expostas a pernilongos usando luvas impregnadas com os repelentes. Enquanto o DEET repelia os insetos por 17,5 dias em média, as N-acilpiperidinas mantinham seu poder por até 73 dias.
O estudo com a nova classe de repelentes foi feito graças a um programa de computador capaz de integrar dados da estrutura química dos compostos com suas atividades.
A ação repelente dos compostos foi prevista a partir da sua estrutura química, um processo de "design racional" usado na indústria farmacêutica para desenvolvimento de drogas, mas até agora incomum no caso de repelentes.
Esse software, conhecido pela sigla (e marca registrada) CODESSA, foi criado pela empresa americana Semichem e pelos pesquisadores Alan Katritzky, da Universidade da Flórida (nos EUA), e Mati Karelson, da Universidade de Tartu, na Estônia.
A equipe de Katritzky publicou o artigo sobre a síntese e os testes com os novos repelentes de mosquito na atual edição da revista científica "PNAS" (www.pnas.org).

Forma e função
"Acredita-se que os insetos detectem os repelentes através da captação por receptores de moléculas com características químicas específicas. Portanto, nós conduzimos estudos extensivos da relação entre estrutura molecular e a propriedade biológica observada da repelência", escreveram os autores no artigo científico.
Não é fácil manter uma repelência duradoura. Mesmo sendo eficaz, o repelente padrão, desenvolvido pelo Exército dos EUA logo depois da Segunda Guerra Mundial e conhecido como DEET (abreviatura de N,N-dietil-meta-toluamida), não é recomendável para uso em crianças pequenas e mulheres grávidas. Só recentemente se descobriu que os receptores de odor dos insetos são os alvos moleculares do DEET.
Repelentes também perdem efeito pela evaporação, absorção pela pele ou pelo efeito da água e da transpiração.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Nenhum Tratamento Clínico ou Cirúrgico É Capaz de Diminuir o Número de Células Adiposas

imagens de células adipócitasA revista científica inglesa Nature, no seu número de 4 de maio, publica um interessante estudo de um um grupo de pesquisadores do Institutuo Karolinska da Dinamarca.

A pesquisa foi liderada por Kirsty Spalding que demonstrou que o número de células de gordura permanece fixo a partir de 20 anos. Depois desta idade, nada é capaz de diminuir essa quantidade, seja por tratamentos clínicos ou cirúrgicos. A cada ano, independente de a pessoa estar gorda ou magra, 10% das células de gordura morrem. Porém, elas são substituidas por células mais jovens e mais ávidas em gorduras. O artigo tem o nome de "Dynamics of fat cell turnover in humans". A técnica utilizada incluiu a análise da integração de carbono radioativo no DNA da população estável dos adipócitos.

Esta é uma má notícia para todas as pessoas que precisam perder peso, pois os tratamentos assim não modificam o número de adipócitos e sim apenas a quantidade de gordura que está armazenada nestas células.

Os pesquisadores examinaram 742 pessoas, incluindo crianças, jovens e adultos de diferentes idades, e descobriram que o número de células adiposas aumenta na infância e não varia na idade adulta.

Em 687 delas, os pesquisadores realizaram biópsias do tecido da região abdominal.

Os resultados foram os seguintes:

  • Uma pessoa com peso normal acumula de 20 a 30 bilhões de adipócitos.
  • No obeso, este número varia de 60 a 80 bilhões.
  • A quantidade de células adiposas é determinada até os 20 anos e depois dessa idade não muda.
  • Todos os anos, 10 % dos adipócitos são renovados. Essas células jóvens aumentam de tamanho com mais facilidade.
  • 75 % das crianças e jovens gordos serão adultos obesos.

O efeito da cirurgia bariátrica também serviu como paramêtros de pesquisa. Em 20 voluntários obesos foram estudadas amostras de tecido adiposo antes e dois anos após a cirurgia. Apesar da perda de peso depois da cirurgia barátrica, o número de células adiposas tinha permanecido o mesmo. É por isto que um certo número destes pacientes voltam a ganhar peso com facilidade e, mais do que isto, fica mais fácil explicar o chamado efeito sanfona que é o ganho de peso que ocorre nas pessoas que fazem tratamentos clínicos e voltam a engordar, sempre para um nível superior ao do tratamento anterior.

Lester Salans, professor da Escola de Medicina Mount Sinai, em Nova York, declarou: "esta é uma nova maneira de olhar para a obesidade". Mas Stephe O'Rahly, da Universidade de Cambridge, disse que não está convencido que o número de células se mantém fixo, afirmando: Há no tecido adiposo adulto células que não contêm gordura, mas que podem acumular estas substâncias, dependendo das condições nutricionais. E finalizou: "as conclusões do estudo são prematuras".

No entanto, a experiência clínica dos médicos e pacientes em manterem um ex-obeso com baixo peso, mostra que os pesquisadores dinarmaqueses podem estar corretos.

Fonte:

Diabetes Hoje no site da SBD por Reginaldo Albuquerque

Links:

http://www.nature.com/nature/journal/vaop/ncurrent/abs/nature06902.html

http://www.nature.com/nature/journal/v453/n7192/full/453169a.html

terça-feira, 20 de maio de 2008

Efeito do rimonabanto sobre a progressão da aterosclerose em pacientes com obesidade abdominal e doença arterial coronariana

Pesquisadores ligados ao STRADIVARIUS Randomized Controlled Trial publicaram, recentemente, no JAMA, os resultados do estudo em que determinaram se a perda de peso e os efeitos metabólicos do rimonabanto, um antagonista do receptor canabinóide seletivo tipo 1, reduzem a progressão da doença coronariana em pacientes com obesidade abdominal e síndrome metabólica.

Foi realizado um ensaio clínico randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, com dois grupos paralelos, que comparou rimonabanto a placebo em 839 pacientes em 112 centros na América do Norte, Europa e Austrália. Os pacientes receberam aconselhamento dietético e foram randomizados para tratamento com rimonabanto 20 mg/dia ou placebo, e foram submetidos à ultrassonografia intravascular coronariana  em momento basal (n = 839) e ao término do estudo (n = 676). O parâmetro primário de eficácia foi a alteração percentual do volume da placa de ateroma (PAV); o parâmetro secundário foi a alteração do volume total normalizado do ateroma (TAV).

No grupo rimonabanto, comparado ao grupo placebo, PAV (IC95%) aumentou 0,25% (-0,04 a 0,54%) vs 0,51% (0,22% a 0,80%) (P = 0,22), respectivamente, e TAV diminuiu 2,2 mm³ (-4,09 a –0,24) vs aumento de 0,88 mm³ (-1,03 a 2,79) (P = 0,03). No grupo rimonabanto vs placebo, os resultados incluídos baseados nas características basais para pacientes que não completaram o ensaio clínico, PAV diminuiu 0,25% (-0,04% a 0,55%) vs 0,57% (0,29% a 0,84%) (P = 0,13), e TAV diminuiu 1,95 mm³ (-3,8 a 0,10) vs aumento de 1,19 mm³ (-0,73 a 3,12) (P = 0,02). Pacientes tratados com rimonabanto apresentaram maior redução do peso corporal (4,3 kg [-5,1 a –3,5] vs 0,5 kg [-1,3 a 0,3]) e maior diminuição da circunferência do quadril (4,5 cm [-5,4 a –3,7] vs 1,0 cm [-1,9 a –0,2]) (P < 0,001 para ambas as comparações). Nos grupos rimonabanto vs placebo, os níveis de HDL-colesterol aumentou 5,8 mg/dL (4,9 a 6,8) (22,4%) vs 1,8 mg/dL (0,9 a 2,7) (6,9%) (P < 0,001), e os níveis medianos de triglicérides diminuíram 24,8 mg/dL (-35,4 a –17,3) (20,5%) vs 8,9 mg/dL (-14,2 a –1,8) (6,2%) (P < 0,001). Pacientes tratados com rimonabanto apresentaram maiores diminuições dos níveis de proteína C-reativa de alta sensibilidade (1,3 mg/dL [-1,7 a –1,2] [50,3%] vs 0,9 mg/dL [-1,4 a –0,5] [30,9%]) e menor aumento dos níveis de hemoglobina glicada (0,11% [0,02% a 0,20%] vs 0,40% [0,31% a 0,49%]) (P < 0,001 para ambas as comparações). Efeitos adversos psiquiátricos foram mais comuns no grupo rimonabanto (43,4% vs 28,4%; P < 0,001).

Portanto, os pesquisadores concluíram que,

após 18 meses de tratamento, o estudo falhou em demonstrar um efeito do rimonabanto sobre a progressão da doença para o desfecho primário (PAV), porém evidenciou um efeito favorável sobre os desfechos secundários (TAV). Determinar se o rimonabanto é útil no controle da doença coronariana necessitará de estudos de imagem e de desfechos adicionais, que já estão em andamento.

Fonte: São Paulo Medical.

Referência:

Effect of rimonabant on progression of atherosclerosis in patients with abdominal obesity and coronary artery disease - JAMA 2008;29(13):1547-1560 [Abstract]

segunda-feira, 19 de maio de 2008

"Radiação teleguiada" ataca câncer raro

Técnica em teste reduziu sintomas em pacientes de tumor carcinóide que reagiram mal a outros tipos de tratamento

Novo método em teste no hospital A. C. Camargo usa elemento radiativo ligado a moléculas que procuram as células tumorais no corpo

EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL

Folha de São Paulo, segunda-feria, 19 de maio de 2008 link

Um grupo de médicos está testando em São Paulo um novo tratamento contra um tipo de câncer raro. A técnica, que pode ser descrita como um "veneno radiativo teleguiado", conseguiu abrandar os sintomas de 13 pacientes dos chamados tumores carcinóides -variedade persistente da doença que tem origem em células de glândulas ligadas ao sistema nervoso. O método está agora em fase final de validação.
Para desenvolver a técnica no Brasil foi necessária a participação do Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), conta o médico Eduardo Nóbrega, do Departamento de Imagem do Hospital A. C. Camargo (antigo Hospital do Câncer de São Paulo), um dos responsáveis pelos testes da técnica no Brasil (por enquanto ela só existe na Holanda e nos Estados Unidos).
A radioatividade usada pelos pesquisadores vem do elemento químico lutécio, que os cientistas ligam a uma molécula orgânica artificial batizada de octreotato. Os tumores carcinóides produzem grande quantidade de hormônios e provocam metástase, o espalhamento do câncer pelo corpo. A molécula criada pelos cientistas se vale justamente dessa característica para identificar o tumor e atacá-lo com lutécio-177, a variedade radiativa do elemento.
"A porção lutécio-177 [da molécula] consegue destruir as células do tumor em todos os locais onde ela se esconde [metástases]", diz o médico. Isso porque, com a fixação do elemento na superfície das células tumorais, a irradiação se torna bastante localizada.

Ainda não é a cura
Os teste da nova técnica no A.C. Camargo inspira otimismo. Um dos voluntários é um médico que voltou a clinicar, e outro é um estudante que agora frequenta as aulas. A palavra "cura", porém ainda não se aplica nestes casos, alertam Nóbrega e o seu colega de instituição Marcelo Cavicchioli.
A técnica é segura e eficaz -e já foi até oferecida em algumas instituições particulares- dizem eles, mas seu papel primordial é melhorar a qualidade de vida das pessoas.
"Estes tumores carcinóides surgem principalmente no trato gastrointestinal" conta Nóbrega. "A produção de hormônios determina a síndrome carcinóide, que se caracteriza pela presença de ondas de calor, rubor facial e diarréia constante e incontrolável", diz.

Último recurso
Apesar de os médicos não conseguirem precisar o benefício da técnica em números, ela fez com que os 13 pacientes ganhassem meses ou anos a mais de vida. "Esse tratamento é para quando não resta mais nada a fazer. Os resultados são animadores", diz Cavicchioli.
O primeiro paciente a ser testado em São Paulo recebeu a dose inicial em março de 2006. Ao todo, 18 pessoas começaram o estudo. Além de duas mortes -o estado dessas pessoas já era quase irrecuperável, segundo os médicos-, uma mulher engravidou e interrompeu o tratamento. Outros dois pacientes desistiram de tomar mais doses porque conseguiram melhora com técnicas mais comuns.
Nem todo paciente de tumor carcinóide pode suportar as infusões venosas da nova molécula terapêutica, diz Nóbrega. O método traz um certo grau de risco para os rins, entre outros problemas. Por isso, a lista de pré-requisitos para receber esse tratamento não é curta.
Outra opção em curso hoje é a intervenção cirúrgica. "O problema é que, às vezes, os tumores se instalam em locais inacessíveis, e a radioterapia e a quimioterapia já não respondem mais", diz o médico.
É nesses casos que técnicas novas como a testada por Nóbrega têm papel fundamental.

domingo, 4 de maio de 2008

Produção de carne e a poluição com antibióticos

A fundação norte-americana Pew Charitable Trusts é conhecida por apostar fundo na produção de conhecimento e ferramentas de análise para resolver problemas contemporâneos e aperfeiçoar políticas públicas. Na semana passada, publicou um relatório duro da comissão que trabalhou dois anos e meio sobre o sistema industrial de produção de carne (bois, porcos e aves). É de tirar o apetite.
O estudo de 124 páginas recebeu o título de "Pondo a Carne na Mesa" e pode ser baixado da página da Pew na internet (www.pewtrusts.org). Vai direto ao ponto: "O sistema atual para produção de alimentos de origem animal nos Estados Unidos não é sustentável e representa um inaceitável nível de risco para a saúde pública e de dano ao ambiente, assim como traz malefício desnecessário aos animais que criamos para comer".
O relatório lista "n" fatores em apoio a essa conclusão. Um dos preponderantes, que acabou se tornando muito atual, é a dependência da agropecuária americana dos preços baixos do milho, base da ração usada para o animal ganhar peso em confinamento. A demanda pelo grão para produzir álcool combustível está pulverizando essa fonte barata de proteína, justamente no momento em que o preço do petróleo -de onde saem combustíveis para máquinas e matérias-primas para fertilizantes e defensivos- também bate recordes.
No quesito água, o estudo fornece uma informação preocupante: metade do aqüífero Ogallala já foi exaurida. Com mais de 450 mil quilômetros quadrados, o reservatório debaixo dos Estados de Nebraska, Kansas, Colorado, Oklahoma, Novo México e Texas fornece 20% de toda a água usada em irrigação nos EUA. Não demora em acabar, pois está baixando cerca de um metro por ano.
Chocantes, mesmo, são as conclusões na área dos efeitos sobre a saúde pública. Das 12 recomendações do capítulo, metade diz respeito ao abuso de antibióticos na agropecuária. Além de prevenir e tratar infecções nos animais, antibióticos também são empregados como aditivos na ração, para aumentar o ganho de peso.
Quanto mais se usam antibióticos, em humanos ou animais, pior se torna o problema da resistência. A maior parte das bactérias expostas a esses remédios morre. As poucas que tiverem resistência ao composto, porém, ganham uma enorme vantagem competitiva e se reproduzem rapidamente, passando a infectar os organismos sem que o antibiótico em questão possa eliminá-las. Com o tempo, surgem cepas terríveis de micróbios, que deixam os médicos sem ação.
O relatório diz que o fenômeno da resistência já se tornou "epidêmico". Propõe, por isso, uma medida radical: banir todo uso não-terapêutico de antibióticos na pecuária. Ou seja, essas drogas só poderiam ser empregadas para tratar animais com infecção ou para prevenir infecções naqueles que comprovadamente tenham sido expostos a elas. Quanto ao uso terapêutico, propõe tornar obrigatória a regra de excluir do tratamento de animais aqueles antibióticos classificados como importantes para a saúde humana.
A Suécia baniu os antibióticos não-terapêuticos em 1986. A Dinamarca, em 1998. A União Européia, em 2006. Como resultado, vem diminuindo o reservatório de genes para resistência que poderia armar os germes capazes de atacar humanos (bactérias trocam material genético a torto e a direito).
E você, já ingeriu a sua ração diária de antibióticos?
Fonte:
Marcelo Leite Folha de São Paulo, domingo, 4 de maio de 2008 (para assinantes clique aqui)