quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Dieta do Mediterrâneo e dieta pobre em carboidratos superam dieta hipolipídica na alteração das concentrações séricas de lipídeos e no controle de pes

Uma recente pesquisa sugere que a dieta do Mediterrâneo e a dieta pobre em carboidratos podem ser alternativas efetivas à dieta hipolipídica, com melhores efeitos no controle glicêmico e no controle lipídico propriamente dito. O estudo, com duração de dois anos, manteve 85% dos 322 participantes em uma das três dietas e apresentou a possibilidade da individualização de dietas para perda de peso, modificando-as de acordo com preferências pessoais, sem prejudicar sua eficácia.

Segundo Dra. Iris Shai, da Ben Gurion University of the Negev, Beer-Sheva, Israel, em declaração à heartwire, vários estudos relativos a dietas realizados no último ano levaram a American Diabetes Association a definir em janeiro de 2008 que dietas pobres em carboidratos devem ser mantidas por no máximo um ano.

Dra. Shai e colaboradores publicaram os resultados desse estudo, Dietary Intervention Randomized Controlled Trial (DIRECT), na edição de julho do New England Journal of Medicine

Opções dietéticas

Ao início do estudo, os pacientes envolvidos apresentavam média de idade de 52 anos e obesidade moderada (índice de massa corporal [IMC] = 31). Todos os participantes foram randomizados para uma das três dietas: restrição calórica/pobre em gordura, restrição calórica/Mediterrâneo e pobre em carboidratos sem restrição calórica. Após 2 anos, a adesão dos participantes as suas respectivas dietas foi: > 90% no grupo submetido à dieta pobre em gordura, 85% no grupo da dieta Mediterrânea e 78% no grupo submetido à dieta pobre em carboidratos.

A perda de peso foi observada nos três grupos, ao longo dos 24 meses, mas foi maior nos grupos das dietas pobre em carboidratos e mediterrânea. Entre os homens, população predominante do estudo, a perda de peso foi maior no grupo da dieta pobre em carboidratos, enquanto entre as mulheres, apenas 45 nessa coorte, a perda foi maior com a dieta do Mediterrâneo. Quando a análise foi realizada com os 272 pacientes que completaram o programa integralmente, o padrão observado de perda de peso associada a cada dieta foi similar.

Perda de peso

Grupo

Hipolipídica (kg) 

Mediterrânea (kg) 

Pobre em carboidratos (kg) 

Todos pacientes

–2,9

–4,4

–4,7

Todos que completaram 

–3,3

–4,6

–5,5

Homens

–3,4

–4,0

–4,9

Mulheres

–0,1

–6,2

–2,4

As modificações nos parâmetros lipídicos foram maiores nos grupos das dietas mediterrânea e pobre em carboidratos. O aumento de concentração da lipoproteína de alta densidade (HDL) e a diminuição da concentração de triglicerídeos foram mais pronunciadas no grupo da dieta pobre em carboidratos, enquanto a redução da concentração de lipoproteínas de baixa densidade (LDL) foi maior no grupo da dieta mediterrânea. 

Modificações lipídicas 

Parâmetros 

Pobre em gordura (mg/dL) 

Pobre em carboidratos (mg/dL) 

Mediterrânea (mg/dL) 

HDL 

+6,4

+8,4

+6,3

LDL 

–0,05

–3,0

–5,6

Triglicerídeos 

–2,8

–23,7

–21,8

Razão de colesterol total/HDL  

–0,6

–1,1

–0,9

No subgrupo de pacientes diabéticos, apenas 36 de 322 participantes, a dieta mediterrânea apresentou melhores resultados com relação às concentrações séricas de glicose de jejum. 

Esses resultados sugerem que as dietas do Mediterrâneo e pobre em carboidratos são alternativas efetivas às dietas hipolipídicas. Segundo a autora, os efeitos benéficos nas concentrações lipídicas com a dieta pobre em carboidratos e no controle glicêmico com a dieta mediterrânea sugerem que as preferências pessoais e as considerações metabólicas podem auxiliar na individualização das intervenções dietéticas.

Há controvérsias sobre o artigo, mas no que vários autores concordam é que desfechos que envolvam controle metabólico são necessários, assim como a intervenção para a perda de peso.

Dr. Eric Westman, do Duke Clinical Research Institute, Durham, NC, em um comentário sobre o estudo para a heartwire declarou que é interessante estudar dietas pobres e ricas em gorduras em associação a marcadores genéticos e cardíacos com o intuito de desenvolver prescrições dietéticas individualizadas.

Fonte:

N Engl J Med. 2008;359:229-241 [link]

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