quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Pioglitazona e o coração

Doenças cardiovasculares permanecem a principal causa de morte entre pacientes cm diabetes melito tipo 2. Embora o bom controle glicêmico tenha mostrado redução nos eventos microvasculares ainda há incertezas sobre os efeitos sobre os eventos macrovasculares.

Os agonistas do PPARγ atualmente vendidos no Brasil, rosiglitazona (Avandia®) e pioglitazona (Actos®), mostram efeitos diferentes sobre os lipídios plasmáticos. Ambos causam retenção de sódio com aumento do edema e precipitação de insuficiência cardíaca nos pacientes. A rosiglitazona em estudos e metanálises mostrou causar aumento no número de eventos cardiovasculares e uma tendência a aumentar a mortalidade cardiovascular.

Diante destes fatos sobre a rosiglitazona tornou-se necessário estabelecer se a pioglitazona apresenta algum risco cardiovascular. A metanálise conduzida por Lincoff e colaboradores com dados de estudos fornecidos pela indústria farmacêutica desenvolvedora e fabricante da pioglitazona (Takeda, Lincolnshire, Illinois, USA) tem como objetivo avaliar os efeitos da pioglitazona sobre a incidência de complicações cardiovasculares isquêmicas.

O end point primário composto de morte, infarto miocárdico não fatal ou acidente vascular cerebral não fatal ocorreu em 375 de 8554 (4,4%) dos pacientes recebendo pioglitazona e em 450 de 7836 (5,7%) dos pacientes recebendo terapia controle (tanto placebo quanto medicamentos ativos). Insuficiência cardíaca congestiva grave ocorreu em 200 (2,3%) dos que receberam pioglitazona contra 139 (1,8%). A composição de insuficiência cardíaca grave ou morte não foi significativamente aumentada entre os pacientes recebendo pioglitazona.

Esta metanálise demonstrou que a terapia com pioglitazona está associado com um risco de morte, de infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral significativamente menor em uma ampla população com diabetes melito tipo 2. Consistente com os efeitos sobre o edema o uso de pioglitazona aumentou a incidência de insuficiência cardíaca grave mas não aumentou a mortalidade.

Uma limitação importante é que a maioria dos estudos analisados não foram originalmente desenhados para avaliar resultados cardiovasculares e os end points não são avaliados por definições padronizadas.

Referência:

Lincoff et al. Pioglitazone and risk of cardiovascular events in patients with type 2 diabetes mellitus. JAMA. 2007;298(10):1180–1188

Nenhum comentário: