domingo, 30 de setembro de 2007

Ricos e pobres comem mal no Brasil

Em pesquisa realizada pela UNIFESP e USP, patrocinada pelo laboratório farmacêutico Wyeth Consumer Healthcare, foram ouvidas 2.420 pessoas (entrevistas de porta em porta), em 150 municípios das cinco regiões do país. Constatou-se que tanto as classes mais abastadas, A e B, quanto as mais carentes, C, D e E, comem vitaminas a menos que o necessário. Há deficiência de vitaminas C (encontrada nas frutas cítricas), A (vegetais de pigmento amarelo), D (gema de ovo e fígado) e E (óleos vegetais e soja, por exemplo), cálcio (leite e verduras escuras) e magnésio (cereais em grãos). Entre entrevistados das classes A e B, o índice de sobrepeso/obesidade encontrado foi de 60%, oito pontos percentuais acima da taxa de pessoas das classes C, D e E (52%). Baixo peso (IMC inferior a 18,5) só foi encontrado em 3% dos pesquisados, sem diferenças de gênero ou classe social.

Esses dados sugerem que a população brasileira parece ter um excesso de amido, açúcar e gordura na dieta com falta de legumes, verduras e outros vegetais frescos na mesa. Também há um crescente aumento no consumo de bebidas adoçadas (como refrigerantes e sucos processados ou artificiais) em detrimento de água e leite.

"A gente esperava que nas classes A e B houvesse um consumo melhor de vitaminas e minerais. Mas não houve diferença nem entre as classes sociais nem entre as regiões do país. Isso mostra que o problema não é econômico, mas sim de hábito cultural", afirma o reumatologista Marcelo Pinheiro, professor da Unifesp e coordenador do estudo. A única diferença entre as classes sociais está no consumo de cálcio. Entre as classes A e B, a média é de 650 mg diários. Já entre o público D e E, é de 350 mg/dia. A média nacional é de 400 mg/dia, um terço da recomendação internacional.

Para Andrea Ramalho, professora de saúde pública da Universidade Federal do Rio de Janeiro e consultora do Ministério da Saúde, a população sabe o que é uma dieta equilibrada, mas, em geral, não põe o conhecimento em prática.
"E não o faz porque diz que não tem tempo, não tem onde comer, não gosta. Mudar padrão alimentar não é uma tarefa fácil nem obtida em curto espaço de tempo", afirma.

Fonte:

Folha de São Paulo, quarta-feira, 26 de setembro de 2007 [link, é necessário ser assinante]

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