terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Exercício beneficia homem que tem tumor de próstata

Estudo sugere que atividades vigorosas reduzem mortalidade por esse câncer
Atividades físicas melhoram sistema imune e reduzem fadiga e perda de massas muscular e óssea geradas por tratamentos de tumor

Homens com câncer de próstata devem praticar exercícios, sugere um estudo feito com 2.686 pacientes e apresentado no encontro da Frontiers in Cancer Prevention Research, que termina amanhã, nos EUA.
Feita pela Universidade Harvard, a pesquisa mostra que tanto exercícios vigorosos (como natação, corrida e ciclismo) quanto os não vigorosos (como caminhada) diminuem os índices de mortalidade geral -não necessariamente pelo câncer de próstata- nesses pacientes.
Aqueles que caminhavam quatro ou mais horas semanais, por exemplo, tinham um índice 23% menor de mortalidade geral. No caso das atividades vigorosas, houve diminuição inclusive da mortalidade por câncer de próstata: foi de 56% naqueles que praticavam cinco ou mais horas semanais.
Segundo a autora, Stacey Kenfield, trata-se do primeiro estudo populacional amplo a avaliar o impacto da atividade física na mortalidade de pacientes com câncer de próstata. Ela diz que ainda não estão claros quais mecanismos moleculares estão envolvidos nessa associação. "O exercício influencia uma série de hormônios que podem estimular o câncer de próstata, melhora as funções imunes e pode reduzir inflamações. Mas como essas ações moleculares afetam a biologia do câncer é algo que está em estudo", disse à Folha.
Segundo Alexandre Crippa, urologista do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira, diversos estudos vêm mostrando os benefícios do exercício físico para vários tipos de câncer.
Há pesquisas que apontam, inclusive, um efeito preventivo, como uma que foi feita com mais de 45 mil homens e publicada em outubro no "British Journal of Cancer". Os resultados mostraram que apenas 30 minutos diários de caminhada ou ciclismo já previnem a incidência de câncer de próstata. Outro trabalho deste ano, feito com camundongos, mostrou que a prática de exercícios reduz a progressão do câncer naqueles que já tinham a doença.
Para ele, pacientes com câncer devem ser encorajados a praticar exercícios. "Atividades como a musculação podem ajudar a repor a massa muscular perdida com o tratamento hormonal", exemplifica.
O ganho de massa muscular é apenas um dos benefícios citados pelo educador físico Rodrigo Ferraz, pesquisador do laboratório de metabolismo e nutrição da USP (Universidade de São Paulo), que treina pacientes com câncer.
Segundo ele, há evidências de que o exercício reduza significativamente a fadiga, muito comum em quem faz quimioterapia. "O paciente passa a ter uma vida mais funcional", diz. Outro efeito da químio que pode ser minorado com o exercício é a perda de massa óssea.
Ferraz diz que muitos pacientes têm receio de que o exercício piore sua condição. "Antigamente, acreditava-se que a atividade física pudesse debilitar o paciente de câncer e atrapalhar o tratamento. Hoje se sabe que é o contrário", diz.
O fisiologista Turíbio Leite de Barros, professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), acrescenta um benefício: o de potencializar as células do sistema de defesa. "Em linhas gerais, o câncer não é impedimento para nenhuma atividade física."
O médico deve ser consultado e o melhor é fazer os exercícios de forma supervisionada e respeitando os limites de cada paciente.

Fonte: Folha de São Paulo, Caderno Equilíbrio 08/12/2009

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Amamentar pode proteger a longo prazo contra a síndrome metabólica

Noticiado pelo USA Today que "amamentar pode oferecer as mães proteção a longo prazo contra condições ligadas à diabetes e doença cardíaca". Analisando dados sobre "704 mulheres em um estudo ainda em execução sobre fatores de risco cardiovasculares", uma equipe da Divisão de Pesquisa do Kaiser Permanente's encontrou que "quanto mais tempo um mulher amamenta, menores as suas chances de desenvolver síndrome metabólica".

Mesmo amamentando "por apenas uns poucos meses pode significativamente reduzir o risco de desenvolver síndrome metabólica". "Nas mulheres que não tiveram diabetes relacionado à gestação (gestacional), amamentação por um a cinco meses reduziu o risco de desenvolver síndrome metabólica por 39%, enquanto amamentar pelo mesmo período reduziu o risco em 44% nas que tiveram diabetes gestacional".

"Entre as estudadas como um todo, amamentar por mais que 9 meses foi associado com uma redução de 56% no risco de desenvolver síndrome metabólica durante o período de seguimento". Em comparação, "nas mulheres que desenvolveram diabetes gestacional em uma ou mais gestações, a redução de foi de 86%". O estudo que foi patrocinado pelo National Institutes of Health," será publicado no periódico Diabetes.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Comer depressa diminui a saciedade

O Time (4/11/09) noticiou que "comer lenta e conscientemente tem muitas vantagens físicas". Por exemplo, um estudo publicado em 4 de novembro no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism
"indica que quando as pessoas comem apressadamente, seus corpos liberam menos hormônios intestinais – peptídeos YY e glucagon-like – necessários para disparar a saciedade". E, em um estudo similar, recentemente publicado no Journal of the American Dietetic Association, pesquisadores "encontraram que pessoas que comem conscientemente, significando que elas estavam atentas de porque comeram e pararam de comer quando se sentiram satisfeitas, pesaram menos que aqueles que comeram desatentamente, significando que comiam quando não estavam com fome ou em resposta à ansiedade ou depressão".

No primeiro estudo após 17 "voluntários comerem 300 mL de sorvete a diferentes velocidades", os pesquisadores gregos encontraram que "os participantes que levaram 30 minutos para terminar de comer tinham maiores concentrações de peptídeos YY e glucagon-like e também tendiam a se sentirem mais satisfeitos comparados aos que gastaram menos tempo para comer". Em um release da Endocrine Society, o pesquisador principal Alexander Kokkino afirmou: "Nosso estudo fornece uma explicação possível para a relação entre a velocidade ao comer e a alimentação excessiva por mostrar que a velocidade com que uma pessoa come pode influenciar a liberação de hormonios intestinais que sinalizam ao cérebro quando parar de comer.


quinta-feira, 8 de outubro de 2009

ALIMENTAÇÃO

Vontade insaciável

Saiba por que alguns alimentos não contribuem com a saciedade e atrapalham a dieta

JULLIANE SILVEIRA DA REPORTAGEM LOCAL PARA A FOLHA DE SÃO PAULO

Você chega ao cinema, e a fome vem. Parece impossível não comprar o maior pacote de pipocas disponível. Assim como é difícil não se impressionar com o quanto foi possível comer nas duas horas de filme.
Além do saco de pipocas, o copo gigante de refrigerante e chocolates podem ser devorados durante a sessão.
É claro que a gulodice e o clima descontraído propiciam o exagero e ajudam a explicar o descontrole. Mas pesquisadores apontam mecanismos fisiológicos e características específicas de alguns alimentos que levam as pessoas a comerem (bem) mais do que deveriam, burlando os mecanismos que levam à sensação de saciedade.
Os limites que devem ser impostos ao comensal para que pare de comer vão além da impressão de estômago cheio. Por isso, reconhecer os ingredientes que levam ao engano do organismo e não se deixar levar somente pela sensação de saciedade para encerrar uma refeição ou uma rodada de petiscos pode ser crucial para evitar ganho de peso indesejado ou prejuízos à saúde.
Há várias tentativas nesse sentido para alertar glutões desavisados. Um livro lançado em abril nos EUA explica por que alguns alimentos não trazem sensação de saciedade quando ingeridos -e sim aquela fissura que faz parecer ser impossível comer um só. Chamado "The Skinny: On Losing Weight without Being Hungry" (o magro: perdendo peso sem passar fome; ed. Broadway Books), ele foi escrito por Louis Aronne, especialista em programas de controle de peso do New York Presbyterian Hospital, e ainda não foi lançado no Brasil.
"É verdade que caloria é sempre caloria. Mas o que não é levado em conta é como algumas calorias afetarão o que as pessoas comerão depois", diz Aronne no livro, explicando por que alguns tipos de comida -independentemente do nível calórico- têm efeito maior no ganho de peso do que outros.
O autor cita alimentos feitos de carboidratos refinados, ricos em açúcar e em gordura como os maiores enganadores da sensação de satisfação. Para Aronne, esses alimentos promovem resistência à saciedade, interferindo nas mensagens enviadas ao cérebro para que o organismo entenda que é hora de parar de comer.
Uma pesquisa norte-americana divulgada no último mês no "Journal of Clinical Investigation" também aponta relações semelhantes.
O estudo, realizado em ratos, mostrou que alimentos que contêm ácido palmítico (substância presente em produtos ricos em gorduras saturadas) alteram a excreção de insulina e de leptina, hormônios relacionados ao apetite e à saciedade.
Nos animais, os efeitos desses alimentos gordurosos duraram por volta de três dias. Teoricamente, como argumentam os pesquisadores, isso pode até ajudar a explicar por que algumas pessoas se sentem mais famintas às segundas-feiras, já que a maioria abusa desses alimentos nos fins de semana.
As descobertas sugerem que, quando se come algo rico em gordura, o cérebro é "atacado" pelo nutriente e se torna resistente à insulina e à leptina, fazendo com que a mensagem de satisfação não seja transmitida.
"Não estamos dizendo para, necessariamente, evitar esse tipo de gordura, e sim que devemos ter uma exposição limitada a ele, não confiando na sensação de estômago cheio como um guia para parar de comer", disse à Folha Deborah Clegg, professora de clínica médica da UT Southwestern Medical Center (EUA) e autora principal da pesquisa.

Gorduras
Alimentos preparados com bastante gordura também são mais agradáveis ao paladar, o que propicia uma maior ingestão desse tipo de comida. "Essas teorias fazem muito sentido, e é provável que tenhamos cada vez mais evidências sobre isso. Em geral, alimentos gordurosos e doces são altamente palatáveis", diz o endocrinologista Walmir Coutinho, professor da PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio.
As gorduras também têm poder sacietógeno (de provocar saciedade) menor do que carboidratos e proteínas. Outros estudos recentes relacionam a excreção de grelina (outro hormônio relacionado ao apetite e à saciedade) e de leptina à ingestão de gorduras.
"A quantidade de alimento e de calorias ingeridas em forma de gordura necessária para levar à produção desses hormônios que levam à saciedade acaba sendo muito maior", explica o endocrinologista Márcio Mancini, presidente da Abeso (Associação Brasileira para Estudos da Obesidade e da Síndrome Metabólica).
Outra relação estabelecida entre o menor poder de saciação das gorduras é o fato de que, em geral, quando a alimentação é rica nesse elemento, também ocorre uma consequente baixa ingestão de fibras, item que ajuda na sensação de saciedade.
A pesquisadora Ana Maria Lottenberg, nutricionista da disciplina de endocrinologia do Hospital das Clínicas de São Paulo, estuda a ingestão de aveia e a ação das fibras do cereal nos mecanismos de regulação da grelina, para entender se a ação do alimento vai além do estômago cheio.
"Quando ficamos algumas horas sem comer, os níveis de grelina sobem na circulação, estimulando o apetite. Alguns trabalhos sugerem que alimentos ricos em fibras, como a aveia, prolongam a queda da grelina, demorando mais tempo para subir de novo e mantendo a sensação de saciedade por mais tempo."
O estudo, realizado com pacientes obesos do Hospital das Clínicas de São Paulo, ainda não tem resultados preliminares. No entanto, os voluntários dizem ficar mais saciados quando fazem uma dieta de baixa caloria acrescida de aveia, o que indica o maior poder de as fibras do cereal trazerem sensação de saciedade.

Mecanismos burladores
Além da resistência aos hormônios, outros mecanismos também ajudam a burlar as mensagens de saciedade emitidas pelo cérebro.
Mudanças sensoriais muito rápidas diminuem a sensação de saciedade, dando subsídios para o que os especialistas chamam de "teoria do contraste dinâmico". Ela ajuda a explicar por que alimentos com propriedades sensoriais que mudam rapidamente no contato com a boca são os preferidos.
É o que ocorre com o sorvete, por exemplo. A temperatura do corpo faz com que o alimento mude de sólido para líquido, o que leva o organismo a libertar substâncias que superestimulam o prazer pelo alimento. "Aí ocorre a vontade de comer mais. O mesmo acontece com a pipoca, o chocolate...", explica a nutricionista Denise Mourão, pesquisadora do Grupo de Estudos em Nutrição e Obesidade da UFV (Universidade Federal de Viçosa). Ao entrar em contato com a boca, o chocolate e a pipoca também mudam de textura, como o sorvete.
Mourão enfatiza que a indústria de alimentos também busca manipular os mecanismos de saciedade com uma superestimulação sensorial por meio de aromas e sabores. Dessa forma, é possível fazer com que as pessoas comam mais, quase de maneira descontrolada.
Um exemplo disso são os aromas artificiais embutidos em alimentos, como as batatas tipo chips com sabores de queijo ou de churrasco e os biscoitos com sabor de pizza ou de ervas.
"É cada vez mais difícil achar alimentos industrializados com sabor natural, porque os aromas e sabores artificiais fazem você ter uma estimulação maior. Em vez de senti-los por dez minutos, eles permanecem por muito mais tempo", diz. Os aromas artificiais que mais estimulam o apetite são os encontrados nas batatas fritas, o de baunilha (predominante em alimentos doces) e o de pipoca.
Nessa linha, as grandes redes de fast food também investem bastante para estimular o consumo exacerbado. "É bem estabelecido que o alimento mais palatável provoca maior ingestão porque, obviamente, é mais saboroso. Então, especialistas fazem alterações químicas e físicas no alimento, criando um "supersanduíche" microscopicamente formulado -não é um cozinheiro que faz o hambúrguer, e sim neurofisiologistas, engenheiros de alimentos", alerta Mourão.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Tratar alteração da tireóide no 1º trimestre pode levar a melhores resultados

Segundo um estudo apresentado 24 setembro em encontro sobre tireóide, "tratar anormalidades dos hormônios da tireóide durante o primeiro trimestre de gestacao pode levar a significativa redução nos eventos adversos tanto para a mãe quanto para o feto". Pesquisadores analisaram dados de "um total de 4.526 mulheres grávidas" que tiveram os níveis de "T4L, TSH e anticorpo A-TPO".

Nesta varredura ampla em pessoas baixo risco, as 51 mulheres que foi diagnosticado hipo ou hipertireoidismo e tratadas, 38% tiveram um ou mais resultados adversos, enquanto 92% de 39 mulheres que não foram tratadas durante a gravidez e preenchiam critérios para doença da tiróide após o parto tiveram um ou mais resultados adversos.

Fonte: Medscape

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Comida gordurosa afeta corpo e cérebro

Consequências surgem muito antes do ganho de peso

Fonte: The New York Times

Comer alimentos gordurosos parece exercer efeito adverso quase imediato sobre a memória e o desempenho em exercícios, segundo novos estudos com ratos de laboratório e seres humanos.
Já era sabido que uma dieta de longo prazo com alto teor de gordura está associada a ganhos de peso, doenças cardíacas e declínio da função cognitiva. Mas as novas pesquisas mostram de que maneira as comidas gordurosas, mesmo que consumidas por apenas alguns dias, podem afetar o corpo e o cérebro bem antes que o ganho de peso se torne aparente.
Os pesquisadores estudaram 32 ratos de laboratório alimentados com ração de baixa gordura e treinados durante dois meses para percorrer um complicado labirinto. O labirinto incluía oito diferentes percursos, e no final de cada um deles o animal recebia uma recompensa na forma de leite condensado. O labirinto era limpo com álcool após cada experiência, para que o rato tivesse de utilizar a memória, e não o faro, como orientação.
Todos os ratos selecionados para o estudo já haviam memorizado com sucesso o percurso pelo labirinto e eram capazes de encontrar um mínimo de seis ou sete recompensas antes de cometerem um erro.
Em seguida, metade dos ratos participantes passaram a ser alimentados com uma dieta de alta gordura, enquanto os demais mantinham a dieta original. Após quatro dias, os ratos alimentados com a dieta mais gordurosa começaram a apresentar problemas de desempenho no teste do labirinto -em média, encontravam só 5 das 8 recompensas antes de cometer um erro. Os que mantiveram a dieta original preservaram o nível elevado de desempenho.
Metade dos ratos também havia sido treinada para correr em uma esteira rolante. Depois de apenas alguns dias de dieta de alto teor de gordura, o desempenho deles na esteira piorou em 30% e, depois de cinco dias de teste, em 50%.
"Antecipávamos encontrar mudanças, mas talvez não tão dramáticas e em prazo tão curto", disse o principal autor do estudo, Andrew Murray, professor de fisiologia na Universidade de Cambridge, Reino Unido. "A rapidez desses efeitos é realmente notável."
Ainda que os dados sobre o estudo humano ainda não tenham sido publicados, os pesquisadores executaram pesquisas semelhantes com homens jovens e saudáveis, que participaram de testes cognitivos e exercícios físicos. Murray diz que os dados ainda estão sendo revisados, mas que os efeitos de curto prazo de uma dieta com alto teor de gordura em humanos parecem semelhantes aos encontrados nos estudos com ratos.
Não está claro por que alimentos gordurosos causariam declínio na função cognitiva. Uma teoria é que uma dieta com teor elevado de gordura poderia ativar resistência à insulina, o que significa que o corpo se torna menos eficiente no uso de glicose, ou açúcar do sangue, componente importante da função cerebral.
A comida gordurosa parece ter efeito em curto prazo sobre o desempenho em exercícios porque o corpo reage ao alto teor de gordura no sangue liberando proteínas que, essencialmente, tornam o metabolismo menos eficiente. "Acredita-se que seja um mecanismo protetor para eliminar o excesso de gordura", disse Murray. "Mas isso torna os músculos menos eficientes no uso de oxigênio e combustível para produzir a energia necessária a se exercitar."
As constatações são especialmente relevantes para quem não se preocupa com o ocasional consumo excessivo de alimentos gordurosos porque se exercita regularmente. "Se você come até se fartar porque costuma correr, isso limita seu desempenho", disse Murray.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Jovens ingerem 50% do cálcio necessário

Estudos em várias cidades mostram que adolescentes têm déficit do nutriente; carência pode acelerar osteoporose

A falta de cálcio é uma das principais preocupações em saúde alimentar nessa fase, ao lado da carência de ferro e do excesso de calorias

JULLIANE SILVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL PARA A FOLHA DE SÃO PAULO

Estudos em diferentes cidades do Brasil mostram que os adolescentes consomem só metade do valor de cálcio recomendado por dia. Um dos trabalhos, feito com dados de 206 adolescentes de Indaiatuba (SP) e apresentado como tese de doutorado na USP, aponta que o consumo médio do nutriente é de 680 mg diários -o indicado são 1.300 mg. O estudo será publicado no "Journal of Adolescent Health".
Uma outra pesquisa, que englobou dados de 1.250 adolescentes de escolas públicas de cinco cidades -Campinas, Piracicaba e Piedade (SP), Toledo (PR) e Seropédica (RJ)- , também aponta o mesmo déficit no consumo de cálcio. "A grande preocupação é que os problemas não surgem agora. Mas daqui a dez ou 20 anos teremos adultos jovens com osteoporose", diz a nutricionista Rozane Bleil, responsável pelo levantamento de dados em Toledo.
As causas para a deficiência são a substituição dos laticínios -principais fontes de cálcio- por refrigerantes e sucos artificiais e a falta do café da manhã, quando a ingestão de laticínios é mais comum. "Nessa fase, as pessoas dormem mais e almoçam direto. Ou, então, acordam atrasadas e comem na escola alimentos menos saudáveis", analisa a nutricionista Bárbara Peters, responsável pelo estudo da USP e pesquisadora do Ambulatório de Fragilidades Ósseas da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Entre os adolescentes avaliados por Peters, os que tomavam café da manhã apresentaram as menores deficiências.
Para o hebiatra Benito Lourenço, do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo, a falta de cálcio é uma das principais preocupações em saúde alimentar do adolescente, ao lado da carência de ferro e da ingestão excessiva de calorias. "Nosso problema é garantir que a deposição de cálcio ocorra de maneira perfeita nessa fase, período de maior incorporação nos ossos", diz.
É na adolescência que se forma boa parte do volume dos ossos para toda a vida -o pico de massa óssea ocorre entre os 20 e os 30 anos. Uma dieta deficiente em cálcio contribui para um pico mais baixo e aumenta as chances de o indivíduo desenvolver osteoporose.
"A população está envelhecendo, e estamos chegando à terceira idade piores. Acho que haverá casos mais precoces de osteoporose, especialmente mulheres com qualidade óssea muito ruim na menopausa, porque tiveram uma adolescência malcuidada em termos alimentares", alerta a endocrinologista Marise Castro, chefe do Setor de Doenças Osteometabólicas da Unifesp.

Outras deficiências
O trabalho da USP também constatou baixos níveis de vitamina D no sangue dos adolescentes. Esse nutriente tem a função de fixar o cálcio ingerido nos ossos, o que agrava ainda mais a carência do mineral. "Isso tem sido observado. Fizemos um trabalho com 120 trabalhadores jovens e estudantes de medicina; 20% tinham deficiência grave de vitamina D e 40% estavam abaixo do valor saudável", acrescenta Castro.
A deficiência é atribuída, pelos pesquisadores, à falta de sol, já que a maior parte da vitamina é sintetizada pelo organismo com a ajuda da luz solar.
O trabalho nas cinco cidades ainda constatou baixa ingestão de vitamina A e de fibras. "É imprescindível o estímulo ao consumo de frutas e hortaliças. Ele é muito reduzido, mesmo em famílias com maiores rendimentos. Assim, seriam consumidos juntos cálcio, vitaminas e fibras", diz Marina Vieira da Silva, professora da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), da USP, e coordenadora do estudo.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Óleo de palma substitui gordura trans

Presente em muitos alimentos industrializados, composto aumenta colesterol ruim e prejudica saúde cardiovascular

Para especialista, indústria está "trocando um ingrediente que é duas vezes ruim [trans] por um que é uma vez só"


JULLIANE SILVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo com menos gordura trans, alimentos industrializados ainda têm altos teores de gorduras saturadas -também danosas à saúde cardiovascular porque aumentam os níveis de LDL (colesterol ruim) no sangue. É o que aponta estudo feito na Unidade de Lípides do InCor e na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP.
O responsável é o óleo de palma, que confere características semelhantes às da gordura trans em alimentos, como textura crocante e maior durabilidade. Ele tem sido usado no Brasil como substituto da trans, após a decisão do Ministério da Saúde de obrigar a indústria a reduzir a quantidade desse tipo de gordura nos produtos. E já é largamente utilizado em outras partes do mundo onde a gordura trans foi banida.
No trabalho, publicado na última edição da "Revista da Associação Médica Brasileira", foram avaliados margarinas, biscoitos doces recheados, biscoitos salgados, batatas fritas e hambúrgueres.
"Esperávamos uma quantidade razoável de gordura saturada no hambúrguer porque ele tem carne. Mas nos surpreendemos muito com os outros produtos, que continham pouca trans, mas muita gordura saturada, que vinha do óleo de palma", afirma Ana Carolina Gagliardi, nutricionista e doutoranda em cardiologia pela Faculdade de Medicina da USP, responsável pelo estudo.
A batata frita e os biscoitos salgados e doces foram os que apresentaram a maior proporção de gorduras saturadas.
De acordo com Jane Show, engenheira de alimentos do Ital (Instituto de Tecnologia de Alimentos) e presidente da Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos, as empresas têm diminuído os níveis de gordura trans de seus produtos. Em dezembro de 2008, o Ministério da Saúde e a indústria de alimentos definiram que a gordura trans deve ser reduzida até 2010.
"O consumidor não quer mais comprar produtos com trans. As indústrias passaram a usar o óleo de palma, que tem valores altos de gordura saturada. Não se proíbe o uso de gordura saturada, mas tem de estar declarada no rótulo", diz.

"Esquecidas"
Para Gagliardi, as gorduras saturadas ficaram "esquecidas" diante da preocupação com a do tipo trans. "O efeito deletério é similar. Alguns trabalhos dizem que não, mas os que falam bem do óleo de palma foram feitos em animais ou patrocinados por fabricantes. Pesquisas mais sérias apontam riscos parecidos", acrescenta.
Para outros especialistas, a gordura trans, além de aumentar o LDL sanguíneo, também reduz os níveis de HDL (colesterol bom) e, por isso, é mais perigosa do que as saturadas.
"Os produtos ficaram melhores, mas não é por isso que podemos comer à vontade. Deve-se ler o rótulo, saber que ainda são ricos em gorduras. Estão trocando um ingrediente que é duas vezes ruim por um que é uma vez só", diz a nutricionista Camila Gracia, do Setor de Nutrição Preventiva do HCor.
A Folha procurou a Abia (Associação Brasileira da Indústria Alimentícia) para comentar a pesquisa, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.

Fonte:

Folha de São Paulo, quinta-feira, 2 de julho de 2009 (só para assinantes)

terça-feira, 30 de junho de 2009

Ganho de peso na gestação: novas recomendações

No final de maio o "Institute of Medicine and the National Research Council" dos EUA liberou uma nova recomendação para ganho de peso na gestação. Esta é uma atualização de diretrizes publicadas no final dos anos 90 e leva em conta as mudanças demográficas que ocorreram nos EUA (e também no Brasil), particularmente o aumento no número de mulheres com excesso de peso ou obesidade engravidando.

A nova diretriz (em inglês) pode ser encontrada no site do Institute of Medicine.

As diretrizes anteriores recomendavam que o ganho de peso deveria ser ótimo para o bebê. As novas diretrizes também levam em conta o bem-estar da estante. Esta é uma mudança fundamental.

As diretrizes de 2009 também diferem das anteriores em dois outros pontos. São baseadas no índice de massa corporal (IMC) da OMS e não mais nas tabelas da Metropolitan Life Insurance. Também recomendam um intervalo menor de peso para as mulheres obesas.

A recomendação de ganho de peso para cada categoria de IMC pré-gestação são as seguintes:

  • Baixo peso (< 18,5 kg/m2); ganhar de 13 a 18 kg
  • Peso normal (18,5 – 24,9 kg/m2); ganhar de 11 a 16 kg
  • Sobrepeso (25,0 – 29,9 kg/m2); ganhar de 7 a 12 kg
  • Obesa (≥30 kg/m2); ganhar de 5 a 10 kg

Mulheres que ganharem peso dentro destes limites terão melhor saúde que engordarem fora deles.

O melhor seria que as mulheres que não estão dentro do peso normal procurem atendimento médico e nutricional antes de engravidarem, entretanto poucas fazem isso. O importante é orientar as gestantes e fornecer apoio para conseguirem atingir os objetivos de peso saudável.

A diretriz também recomenda mais pesquisas sobre a influência da dieta, atividade física, praticas de alimentação, segurança alimentar e ambiente físico e social sobre o ganho de peso na gestação.

Referência:

OM (Institute of Medicine). Weight Gain During Pregnancy: Reexamining the Guidelines. Washington, DC: The National Academies Press. Posted online May 28, 2009.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Só 1 em cada 5 cardiopatas flagra doença em check-up

Estudo com 13 mil pessoas mostra que metade descobre o problema avançado
Doenças cardiovasculares são a primeira causa de morte no país e no mundo; exames anuais devem ser feitos a partir dos 55 anos


GABRIELA CUPANI para a FOLHA DE SÃO PAULO

Terça-feira, 26 de maio de 2009

Apenas 19% dos portadores de doenças cardíacas descobrem que têm o problema durante exames de rotina antes de os sintomas aparecerem -normalmente, em situações extremas como o infarto.
Isso é o que comprovou um levantamento feito por pesquisadores do Northwest Cardiovascular Institute (EUA) com mais de 13 mil pessoas (homens e mulheres com mais de 65 anos), publicado na edição de maio do "International Journal of Clinical Practice".
Entre os entrevistados que apresentavam problemas cardiovasculares (como angina, insuficiência cardíaca ou que haviam sido submetidos a procedimentos como angioplastia ou ponte de safena), quase a metade (48%) só identificou sua condição ao sofrer sintomas como dores fortes ou mesmo um ataque cardíaco.
Cerca de 15% descobriram o problema durante o tratamento de outras doenças, em consultas com endocrinologistas ou neurologistas, por exemplo.
No caso dos diabéticos, grupo considerado de alto risco para doenças cardiovasculares porque a taxa elevada de glicose no sangue predispõe a infartos e derrames, 54% dos entrevistados foram diagnosticados após sintomas e 22% enquanto tratavam outra doença.
Normalmente, a doença cardiovascular é assintomática. Quando os primeiros sinais surgem, o problema já está em estágio avançado.
Justamente pela falta de sintomas, a primeira estratégia para detectar quem tem riscos de adoecer é avaliar a presença de fatores de risco (tabagismo, hipertensão, altos níveis de colesterol, diabetes, obesidade e sedentarismo), além do histórico familiar.
Mas os especialistas concordam que a maior parte das pessoas não conhece bem esses fatores e não costuma se submeter a exames de rotina. "Os efeitos só vão aparecer tardiamente", diz Marcus Bolívar Malachias, diretor clínico do Instituto de Hipertensão Arterial de Minas Gerais.
"O problema é que o fato de não sentir nada não significa que a pessoa não tenha nada", afirma José Carlos Nicolau, diretor da unidade clínica de coronariopatia aguda do Instituto do Coração, em São Paulo.

Situação pior
"No Brasil a situação deve ser pior", estima o cardiologista Carlos Scherr, da Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro. "Há muita desinformação, as pessoas confundem os sintomas com outras doenças e muitos médicos não sabem diagnosticar direito", diz ele.
De modo geral, pessoas que não têm nenhum fator de risco nem histórico familiar devem fazer uma avaliação anual a partir dos 55 anos no caso dos homens e dos 60, nas mulheres. Alguns médicos acreditam que o acompanhamento deve ser ainda mais cedo. "Recomendo check-ups anuais a partir dos 40 ou 50 anos", diz Nicolau.
Quando há na família algum parente que sofreu um infarto ou morte súbita antes dos 55 anos (em homens) ou dos 65 (no caso das mulheres), o ideal seria começar um programa de prevenção ainda na infância.
"Nesses casos, desde os três anos de idade a criança deveria ser estimulada a ter uma alimentação adequada, praticar atividade física e controlar o peso", diz Scherr.
Essas pessoas também precisam monitorar mais cuidadosamente a pressão sanguínea e os níveis de colesterol.

Hábitos saudáveis
A adoção de hábitos saudáveis como não fumar, controlar o peso e praticar atividade física regularmente deveria ser regra, independentemente da presença de fatores de risco e de histórico familiar. "Mudar a realidade envolve conscientização e educação, pois mesmo nas classes mais altas há muita desinformação", diz Marcos Knobel, coordenador da Unidade Coronariana do hospital Albert Einstein, em São Paulo.
As doenças cardiovasculares são a primeira causa de morte no mundo. No Brasil, matam 300 mil pessoas a cada ano.

domingo, 17 de maio de 2009

Cientistas sugerem que exposição ao formaldeído (formol) pode aumentar o risco de morrer de câncer linfático e (do sangue) do sangue

O New York Times (13 maio de 09) relata um estudo dos pesquisadores do National Cancer Institute sugerindo que "operários de fábricas expostos a altos níveis de formaldeído foram mais prováveis de morrer câncer hematológico e linfático que operários com baixos níveis de exposição". Contudo, "após a exposição ter cessado o risco de morrer diminuiu". Para fazer o estudo os pesquisadores "observaram aproximadamente 14000 mortes entre 25619 operários, a maioria homens brancos, que começaram a trabalhar antes de 1966 em 10 indústrias que produzem formaldeído e resinas de formaldeído. Durante os 40 anos seguintes, "operários com maior exposição ao formaldeído tiveram 37% mais chances de morte por câncer hematológico e linfático que aqueles com menos exposição".

Além disso, os operários tiveram "78% mais chances de morrer por leucemia mielóide – um câncer de células brancas do sangue – comparado com aqueles com menores níveis". Ainda, Laura Beane Freeman, chefe da pesquisa e cientista do NCI, disse que "o risco total de morte por estes cânceres foi relativamente baixo, causando somente 319 das 14000 mortes durante o estudo". Enquanto os pesquisadores "admitem que não sabem por quais mecanismos o formaldeído cause leucemia", acrescentam "que pessoas expostas ao formaldeído tem maiores taxas de anormalidades cromossômicas em seus linfócitos, um tipo de células brancas que combatem infecções". O estudo foi publicado no periódico
Journal of the National Cancer Institute.

Aqui no Brasil o uso do formol em salões de beleza em produtos para alisar os cabelos e endurecer as unhas, produzidos de forma artesanal ou em fábricas de fundo de quintal coloca em risco a saúde dos profissionais e dos clientes.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Sucesso em Pesquisas com Células-tronco no Tratamento do Diabetes

Por Pablo de Moraes para o site endocrino.org.br

Descobertas recentes e estudos bem sucedidos estão fazendo a ciência mundial voltarem os olhos para o Brasil. É que uma equipe de cientistas da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto, tem conseguido resultados surpreendentes em pesquisas com células-tronco e, devido ao sucesso, mereceram destaque em importantes periódicos mundiais, entre eles o Jama (Journal of the American Medical Association).

Leia tota a história aqui.

domingo, 26 de abril de 2009

Gripe suína - Risco de uma Pandermia

A deflagração de um foco de gripe suína (H1N1) na Cidade do México, com transmissão humano a humano coloca o mundo em risco de uma epidemia em escala mundial (pandemia).

Além de ser um novo vírus, para o qual não há ainda vacina disponível, é naturalmente resistente ao oseltamivir (Tamiflu®). Esta resistência surgiu espontaneamente e não por pressão seletiva, como nas bactérias que expostas aos antibióticos adquirem vantagem ao se tornarem resistentes aos antibióticos.

O oseltamivir (Tamiflu®) é um inibidor da enzima neuraminidase contendo a disseminação do vírus. Quando iniciado nos primeiros dias de infecção diminui a duração e a gravidade da doença, sua administração é em compridos. Outro inibidor da neuraminidase existente é o zanamivir (Relenza®), menos disponível e é administrado por inalação, combatendo o vírus mais no pulmão, ao contrário do oseltamivir que atua em todo o corpo. O zanamivir é efetivo contra o a cepa H1N1 e a possibilidade de resistência espontânea é menor.

A porcentagem de resistência espontânea na cepa H1N1 varia entre as regiões do mundo, 10% nos Estados Unidos, 25% na Europa e assustadores 70% na Noruega. Não há ainda informações precisas para o atual surto na Cidade do México.

Para evitar uma tragédia com milhares ou mais provável milhões de mortos a cooperação próxima e sinérgica entre Organização Mundial de Saúde (WHO), o Centro de Controle de Doenças (CDC) Norte-americano e o equivalente Europeu e a Indústria Farmacêutica é fundamental. A produção de vacinas contra a gripe é um processo lento - os vírus são cultivados em ovos - além de limitado a poucas fábricas no mundo.

Fontes:
N Engl J Med 2009 360(10): 953-956 Global Transmission of Oseltamivir-Resistant Influenza. Anne Moscona, M.D.
Minstério da Saúde do Brasil

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Reduzir bebida emagrece mais do que cortar comida, diz pesquisa

por JULLIANE SILVEIRA da Folha de S.Paulo

As calorias ingeridas por meio de bebidas influenciam mais na perda de peso do que aquelas consumidas por alimentos sólidos. A constatação vem de um estudo da Johns Hopkins School of Medicine, que avaliou 810 adultos com idades entre 25 e 79 anos.

Os pesquisadores acompanharam os voluntários por 18 meses e monitoraram a redução de consumo de líquidos e alimentos sólidos. Nos primeiros seis meses, observaram que a redução de somente uma porção de bebidas açucaradas (como refrigerantes e sucos industrializados) foi responsável, isoladamente, pela perda de meio quilo no período.

Já a diminuição de peso foi cinco vezes menor quando houve restrição da mesma quantidade de calorias ingeridas por alimentos sólidos. "A hipótese é que regulamos melhor a ingestão de calorias sólidas do que de líquidas. Isso significa que é mais fácil exagerar quando bebemos do que quando comemos", disse à Folha Benjamin Caballero, professor da Johns Hopkins e líder do estudo.

Para especialistas brasileiros, as calorias ingeridas por bebidas geralmente não são contabilizadas e levam ao exagero de consumo. "Essas calorias são importantes, principalmente se falarmos dos refrigerantes, que têm excesso de açúcar. O consumo dessas bebidas tem crescido em países em desenvolvimento e está nitidamente relacionado à obesidade", diz o endocrinologista Walmir Coutinho, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.

O primeiro mecanismo de regulação da saciedade começa na mastigação e é uma das hipóteses para o explicar por que é mais difícil regular a ingestão de bebidas do que de alimentos sólidos. Ao mastigar e deglutir um alimento, são estimuladas regiões no cérebro responsáveis por regular a satisfação. Outra hipótese está no açúcar presente em boa parte dos líquidos ingeridos. Essa substância é um carboidrato simples de rápida absorção e estimula a produção de insulina, um hormônio que favorece o estoque da energia ingerida em forma de gordura. "A ingestão do mesmo valor calórico em proteínas não engordaria tanto", diz Coutinho. 


Erros

Entre os principais erros apontados pelos especialistas, está a ideia de que suco de frutas tem poucas calorias. "Quando a pessoa precisa perder peso, a opção é sempre ingerir bebidas não calóricas ou usar sucos com muito poucas calorias, como de acerola, limão e maracujá", diz o endocrinologista Márcio Mancini, presidente da Abeso (Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica).

Outro problema, aponta Mancini, está no uso de isotônicos quando a prática de exercícios não é intensa. Um frasco desse tipo de bebida contém cerca de cem calorias, quase o mesma quantidade presente em um copo de refrigerante. Segundo o especialista, a única bebida com calorias essencial ao organismo é o leite de vaca, por ser fonte de cálcio.

Álcool

Bebidas alcoólicas têm um processo de absorção diferenciado e, no estudo da Johns Hopkins, não exerceram influência na perda de peso de maneira significativa. Isso porque o organismo não tem capacidade de transformar o álcool presente na bebida em gordura. No entanto, bebidas fermentadas e coquetéis oferecem calorias por meio de outras substâncias presentes no líquido.

"No caso do vinho ou cerveja, por exemplo, metade das calorias são normalmente absorvidas pelo organismo", lembra Mancini. Os coquetéis oferecem calorias por meio do açúcar e de outros ingredientes utilizados na preparação.

Fonte: Folha Online 


segunda-feira, 30 de março de 2009

Para emagrecer o importante é comer bem e pouco, não importa o quanto de proteínas, carboidratos e gordura

Apesar de vários estudos ainda não há certezas sobre o efeito dos macronutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras) sobre a perda de peso.

Uma pesquisa publicada em 26 de fevereiro de 2009 na conceituada revista médica New England Journal of Medicine (link em inglês) comparou em 811 adultos com excesso de peso e obesidade o efeito de dietas com muito ou pouco carboidratos, muito ou copo gordura e muito ou média quantidade de proteínas, os resultados em 6 e 24 meses não foram diferentes entre os participantes.

Os participantes em média não conseguiram atingir completamente os objetivos das dietas, mas aqueles com maior a participação nas consultas e melhor aderência conseguiu mais perda de peso.

Os pesquisadores concluem que uma dieta para emagrecer pode ter quantidades variáveis [sem extremos!] de gordura, proteína e carboidratos a critério do gosto do paciente. Conseguindo reduzir as quantidades de calorias ingeridas ao dia levará a perda de peso e melhora da saúde.

terça-feira, 24 de março de 2009

Níveis de vitamina D em redução

Estudo publicado no Archives of Internal Medicine relata uma tendência de queda nos níveis de vitamina D no sangue de norte-americanos de 1988 a 2004.

Uma possível explicação é uma exposição cada vez menor ao sol, tanto para evitar problemas de pele quanto a mais atividade dentro de prédios.

Hoje, cada vez mais, sabe-se da importância da vitamina D para outros órgãos e sistemas além dos ossos. 

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Gordura atrai gordura

Ácido graxo encontrado em carnes vermelhas causa a morte de neurônios que controlam o apetite

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Tratar infertilidade não eleva risco de câncer

Pesquisa conclui que tratamentos de reprodução assistida não são fator de risco para câncer de ovário

Os tratamentos contra infertilidade não aumentam o risco de câncer de ovário, revela um estudo dinamarquês com 54.362 mulheres, publicado na última sexta no "British Medical Journal". No passado, outras pesquisas menores sugeriram essa relação.
A maioria dos tumores de ovário se inicia nas células epiteliais (revestimento do ovário) e, por isso, o surgimento desse tipo de câncer já foi relacionado com a ovulação- responsável pelos fenômenos cíclicos de destruição e de reconstituição do epitélio.
Por essa teoria, os tratamentos de reprodução assistida, especialmente a FIV (fertilização in vitro), que estimulam bastante a ovulação da mulher, eram considerados suspeitos de funcionar como um fator de risco para o desenvolvimento do câncer de ovário.
O estudo realizado pela equipe do médico Allan Jensen, da Sociedade Dinamarquesa contra o Câncer, foi realizado com mulheres que se consultaram nos centros de fertilidade da Dinamarca, entre 1963 e 1998. No período avaliado, 156 delas tiveram câncer de ovário.
Os pesquisadores não encontraram um risco potencial de desenvolver câncer nas mulheres tratadas contra a infertilidade, incluindo aquelas que seguiram dez ciclos de tratamento ou aquelas que não conseguiram engravidar.
Eles destacaram, porém, que continuam a fazer o acompanhamento, já que muitas mulheres que participam do estudo ainda não atingiram a idade em que esse tipo de câncer é mais frequente -a partir dos 60 anos, em média.
Para o médico Rui Ferriani, professor da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, a notícia é "muito boa" e deve tranquilizar mulheres que já passaram ou ainda estão em tratamentos de fertilização. "Elas já têm tanta preocupação que não precisavam ficar com mais essa na cabeça", diz ele.
O câncer de ovário é relativamente raro, e a maioria dos casos são diagnosticados em estágio avançado. A taxa de letalidade chega a 70% em cinco anos, tornando-o um dos tumores mais letais.

Fonte: British Medical Journal e Folha de SP

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Aspirina reduz risco de câncer de estômago, diz estudo

Tomar aspirina ou um anti-inflamatório da categoria do ibuprofeno pode reduzir os riscos de câncer no estômago, revela um estudo realizado em mais de 300 mil pessoas e publicado nesta sexta-feira no "British Journal of Cancer".
As pessoas que tomaram pelo menos um comprimido de aspirina nos doze últimos meses têm 36% menos chances de desenvolver câncer de estômago do que aquelas que não fizeram o mesmo, segundo a pesquisa. Quanto mais se toma aspirina ou ibuprofeno, mais o risco diminui, de acordo com o estudo realizado com 311.115 pessoas durante cerca de sete anos. A proteção não inclui, no entanto, os cânceres da cárdia, orifício superior do estômago, nem do esôfago. Lesley Walker, diretor de Informações sobre o Câncer do organismo Cancer Research UK advertiu, entretanto, que ainda é "muito cedo para recomendar que as pessoas tomem aspirina para se prevenir contra esses cânceres".

sábado, 17 de janeiro de 2009

Disseminação da Obesidade - Drauzio Varella

Publicado na Folha de São Paulo, sábado 17 de janeiro de 2009 (link, somente assinantes).

Não consigo pensar num setor da economia que se beneficiasse com o combate à obesidade

TODOS OS ventos sopram a favor da disseminação de uma epidemia de obesidade de consequências trágicas. Vejamos:
1) Ganhar peso é bom para a agropecuária.
Vivemos uma revolução tecnológica sem precedentes na história da agricultura. A modernização das técnicas de plantio, da infraestrutura de transporte e de armazenamento aumentou a produtividade, reduziu o desperdício e fez cair os preços. Jamais a população brasileira experimentou tamanha fartura ou teve acesso a tantos alimentos de qualidade.
Quanto perderia a agropecuária se a população selecionasse com mais critério e reduzisse a quantidade de alimentos consumidos?
2) Ganhar peso é bom para a atividade industrial.
A tecnologia levou à produção em massa de biscoitos, refrigerantes, queijos, embutidos, sorvetes, pães, doces e chocolates que superlotam as estantes dos supermercados. Existe vendinha no lugarejo mais remoto, em que não seja possível encontrar refrigerantes e pacotes de salgadinho?
Atenta à progressão da epidemia, a indústria alimentícia investiu pesado nos alimentos e refrigerantes "light". Quem os consumiria se todos fossem magros?
No passado as mulheres cozinhavam e as refeições aconteciam em casa. Hoje, quem pode ter esse privilégio? As refeições são feitas em bares, restaurantes "por quilo", lanchonetes de fast food. Quantos ficariam desempregados se fossem adotadas dietas mais frugais?
A indústria que produz medicamentos para diabetes, hipertensão, doenças cardiológicas e as três ou quatro drogas indicadas para combater (sofrivelmente) a obesidade ganharia se as pessoas comessem menos e fizessem mais exercício?
Os fabricantes de televisores, automóveis, escadas rolantes, computadores e jogos eletrônicos: quanto perderiam se crianças e adultos abandonassem a vida sedentária?
3) Ganhar peso é bom para a publicidade e os meio de comunicação.
As campanhas publicitárias de alimentos industrializados movimentam bilhões. Vivemos bombardeados por comerciais de cervejas, refrigerantes e de alimentos que nada mais são do que gorduras e carboidratos em embalagens atraentes.
Quando um fabricante anuncia um novo salgadinho em forma de elefante, sabe que a criança pedirá aos pais para comprar exatamente aquele. Que produtor investiria para exaltar as vantagens da laranja em vez da torta de chocolate na sobremesa, sem nenhuma segurança de que o consumidor compraria a laranja produzida por ele?
Sinceramente, não consigo pensar num único setor importante da economia que se beneficiasse com o combate às forças que incentivam a obesidade.
4) A medicina pouco pode ajudar.
Descontada a possibilidade de receitar os três ou quatro medicamentos citados, limitamo-nos a recomendar ao obeso o que ele está farto de saber: "Coma menos e ande mais". Convenhamos, leitor, é tão ridículo quanto dizer ao alcoólatra para beber com moderação. Se o gordo conseguisse ser mais ativo fisicamente e parcimonioso à mesa, não estaria diante do médico pedindo ajuda para emagrecer.
Quanto mais estudamos os genes, os mediadores hormonais e os neurotransmissores envolvidos nos mecanismos de fome e saciedade, mais complexos e interligados eles revelam ser, maior nossa dificuldade em compreendê-los e de interferir com eles.
É pouco provável que surja um remédio eficaz indicado para todos os casos. O tratamento da obesidade exigirá o emprego de múltiplas drogas administradas por longos períodos de tempo ou até pela vida inteira, eventualmente.
5) Perder peso é lutar contra a natureza humana.
Assim que o cérebro detecta diminuição dos depósitos de gordura, a energia que o corpo gasta para exercer suas funções básicas em repouso (metabolismo basal) cai dramaticamente, ao mesmo tempo em que são enviadas mensagens bioquímicas irresistíveis para irmos atrás de alimentos.
Infelizmente, quando ocorre aumento de peso, os sinais opostos são quase imperceptíveis: não há aumento substancial da energia gasta em repouso, a fome não diminui nem surge estímulo para aumentar a atividade física.
O corpo humano tende a defender o peso mais alto que já atingiu. O organismo protege as reservas de gordura mesmo quando estocadas em quantidades excessivas. A mais insignificante tentativa de reduzi-las é interpretada pelo cérebro como ameaça à integridade física.
É ignorância imaginar que emagrecer seja simples questão de força de vontade.

sábado, 3 de janeiro de 2009

As estatinas na cardiologia preventiva

Por Daniel Steinberg, M.D., Ph. D. para a New England Journal of Medicine em 2 de outubro de 2008; 359(14):1426

A descoberta das estatinas por Akira Endo e colaboradores em 1976 abriu a porta para uma nova era de prevenção na cardiologia. A importância desta descoberta foi recentemente ressaltada pelo recebimento por Endo do prêmio de Pesquisa Médica Clínica Albert Lasker 2008. Ao inibir a biossíntese de colesterol endógeno, as estatinas reduzem os níveis elevados de colesterol no sangue com muito mais eficiência que qualquer dieta ou regime de medicamentos disponíveis até a descoberta de Endo. Além disso, são notavelmente livres de efeitos adversos graves.

A hipótese que níveis elevados de colesterol no sangue representa uma causa importante de aterosclerose e doença coronariana – a "hipótese lipídica" – foi controversa por muitos anos. Ceticismo sobre esta hipótese persistiu em alguns focos a despeito do acúmulo constante de evidências lhe dando suporte em experimentos com animais, achados notáveis em famílias com hipercolesterolemia familiar, correlações epidemiológicas consistentes e vários pequenos (mas mesmo assim impressionantes) estudos clínicos. Em contraste, na década de 60 muitos ou a maioria dos lideres no campo das pesquisa com lipoproteínas e aterosclerose estavam convencidos que as evidências acumuladas justificavam intervenções que reduzissem os níveis de colesterol no sangue.

A American Heart Association (Associação Americana do Coração) começou a recomendar mudanças dietéticas para controlar os níveis de colesterol desde 1960. Dieta apenas, contudo, provou não ser o bastante em casos graves e as drogas disponíveis então tinham efetividade limitada. As companhias farmacêuticas estavam explorando cada possibilidade de intervenção, mas tais explorações não estavam entre as maiores prioridades. Colestiramina, um inibidor da reabsorção de ácido biliar, estava entre os medicamentos mais eficazes, mas não era saborosa de tomar e a aderência era baixa. Contudo o National Institutes of Health [NIH] (Instituto Nacional de Saúde) patrocinou o estudo Coronary Primary Prevention Trail, um estudo clínico de 7 anos, randomizado, duplo-cego de colestiramina entre 3800 homens com hipercolesterolemia. O estudo mostrou uma significativa redução em 20% na taxa de doença coronariana fatal ou infarto não fatal. Com estes achados em mãos o NIH convocou um conselho de consenso para rever todos os dados relevantes. Com base nas conclusões deste conselho, o NIH declarou em 1985 que diminuir os níveis de colesterol no sangue deveria ser um objetivo maior. A caçada por medicamentos que reduzissem as gorduras se intensificou, mas a controvérsia sobre o colesterol não acabou totalmente.

Reduzir o colesterol por inibir a biossíntese de colesterol endógeno mostrou em estudos com animais ser possível, e na década de 60, muitas companhias estavam buscando moléculas que bloqueassem 1 dos mais de 30 passos na síntese do colesterol a partir do acetil-coenzima A (CoA). Dúzias, talvez centenas, de homólogos de intermediários (que serviriam como miméticos não funcionantes) ao longo da via foram sintetizados. Poucos foram efetivos em sistemas acelulares e menos ainda foram eficazes in vivo, e quase todos falharam em nível clínico.

Em 1971, Endo, então um jovem investigador na Sankyo Pharmaceutical Company em Tóquio, especulou que se alguns fungos eram potentes inibidores de crescimento microbiano então alguns poderiam ser potentes inibidores da síntese de colesterol. A Sankyo possuía um grande programa para seleção de caldos de cultura de fungos para uma melhor penicilina, e Endo começou a sistematicamente selecionar cada caldo de fungo por sua habilidade em inibir a síntese de colesterol. Por 2 anos os resultados foram uniformemente desapontadores. Somente após aproximadamente 6000 testes Endo identificou um caldo promissor. Como ele relatou em 1976, o caldo com Penicillium citrinum continha um composto, ML-236B, que a notáveis baixas concentrações (2,6x10-8 M), inibia a incorporação de acetato dentro do colesterol, reduzindo a taxa de síntese à metade. Em contraste, ML236B não inibia a incorporação de ácido mevalônico, um achado que indicava o local da ação do ML-236B era antes do passo da 3-hidroxil-3-metilglutaril(HMG)-CoA redutaze, que o passo limitante na formação do colesterol. Endo reconheceu que a estrutura de seu inibidor incluía um domínio com uma grande semelhança à HMG e corretamente concluiu que ML-236B agia especificamente no passo da HMG-CoA redutase. Este composto, depois apelidado de "compactina", demonstrado rapidamente por Endo e colaboradores, funcionava in vivo em vários animais e também em pessoas heterozigotas para hipercolesterolemia familiar. Nestes pacientes, que eram notoriamente difíceis de tratar, Endo conseguiu reduções de 20 a 30% nos níveis de colesterol total. Era claro o poder da nova arma acrescentada ao arsenal contra o colesterol elevado. A Sankyo nunca vendeu a compactina (atualmente chamada mevastatina) por preocupação sobre potencial toxicidade, depois provadas sem fundamento. Contudo, a importância da descoberta de Endo não passou despercebida pela indústria farmacêutica. Merck foi a primeira a comercializar a lovastatina, e os estudos clínicos feitos pela Merck com a lovastatina e a sinvastatina resolveram quaisquer dúvidas quanto à eficácia e segurança de reduzir os níveis de colesterol. Embora estudos anteriores com dieta ou outros medicamentos mostrassem reduções significativas nas taxas de eventos cardiovasculares importantes, não mostrava qualquer redução na mortalidade total. Em contraste, os estudos com a lovastatina e a sinvastatina, que envolvia muitos sujeitos, mostraram uma diminuição significativa – 20 a 30% – na mortalidade total, além de reduzir a mortalidade por causa cardiovascular. Mostraram também benefícios tanto em homens quanto mulheres, em idosos e jovens e naqueles com e sem diabetes. Exceto por causar desconforto muscular, que raramente é bastante grave para descontinuar o tratamento, as estatinas provaram ser geralmente seguras. Graças à descoberta das estatinas por Endo a hipótese lipídica não precisa mais de defensores. Os resultados falam por si.

E sobre os 70% dos pacientes que apresentam eventos cardiovasculares adversos a despeito do uso de estatinas? Nós já fomos o mais longe que podíamos? Provavelmente não. Se nós combinarmos estatinas com outros medicamentos, os níveis de LDL colesterol podem ser reduzidos não apenas em 30% mas em 50%. Expertos prevêem que se o tratamento é começado precocemente e outras intervenções são usadas para reduzir todos os fatores de risco tratáveis além de diminuir o LDL colesterol, o efeito sobre a doença e a mortalidade serão ainda maiores. As estatinas revolucionaram a cardiologia preventiva, e indubitavelmente continuarão a ter um papel de destaque no futuro.