segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Tratar infertilidade não eleva risco de câncer

Pesquisa conclui que tratamentos de reprodução assistida não são fator de risco para câncer de ovário

Os tratamentos contra infertilidade não aumentam o risco de câncer de ovário, revela um estudo dinamarquês com 54.362 mulheres, publicado na última sexta no "British Medical Journal". No passado, outras pesquisas menores sugeriram essa relação.
A maioria dos tumores de ovário se inicia nas células epiteliais (revestimento do ovário) e, por isso, o surgimento desse tipo de câncer já foi relacionado com a ovulação- responsável pelos fenômenos cíclicos de destruição e de reconstituição do epitélio.
Por essa teoria, os tratamentos de reprodução assistida, especialmente a FIV (fertilização in vitro), que estimulam bastante a ovulação da mulher, eram considerados suspeitos de funcionar como um fator de risco para o desenvolvimento do câncer de ovário.
O estudo realizado pela equipe do médico Allan Jensen, da Sociedade Dinamarquesa contra o Câncer, foi realizado com mulheres que se consultaram nos centros de fertilidade da Dinamarca, entre 1963 e 1998. No período avaliado, 156 delas tiveram câncer de ovário.
Os pesquisadores não encontraram um risco potencial de desenvolver câncer nas mulheres tratadas contra a infertilidade, incluindo aquelas que seguiram dez ciclos de tratamento ou aquelas que não conseguiram engravidar.
Eles destacaram, porém, que continuam a fazer o acompanhamento, já que muitas mulheres que participam do estudo ainda não atingiram a idade em que esse tipo de câncer é mais frequente -a partir dos 60 anos, em média.
Para o médico Rui Ferriani, professor da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, a notícia é "muito boa" e deve tranquilizar mulheres que já passaram ou ainda estão em tratamentos de fertilização. "Elas já têm tanta preocupação que não precisavam ficar com mais essa na cabeça", diz ele.
O câncer de ovário é relativamente raro, e a maioria dos casos são diagnosticados em estágio avançado. A taxa de letalidade chega a 70% em cinco anos, tornando-o um dos tumores mais letais.

Fonte: British Medical Journal e Folha de SP

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