Pesquisa conclui que tratamentos de reprodução assistida não são fator de risco para câncer de ovário
Os tratamentos contra infertilidade não aumentam o risco de câncer de ovário, revela um estudo dinamarquês com 54.362 mulheres, publicado na última sexta no "British Medical Journal". No passado, outras pesquisas menores sugeriram essa relação.
A maioria dos tumores de ovário se inicia nas células epiteliais (revestimento do ovário) e, por isso, o surgimento desse tipo de câncer já foi relacionado com a ovulação- responsável pelos fenômenos cíclicos de destruição e de reconstituição do epitélio.
Por essa teoria, os tratamentos de reprodução assistida, especialmente a FIV (fertilização in vitro), que estimulam bastante a ovulação da mulher, eram considerados suspeitos de funcionar como um fator de risco para o desenvolvimento do câncer de ovário.
O estudo realizado pela equipe do médico Allan Jensen, da Sociedade Dinamarquesa contra o Câncer, foi realizado com mulheres que se consultaram nos centros de fertilidade da Dinamarca, entre 1963 e 1998. No período avaliado, 156 delas tiveram câncer de ovário.
Os pesquisadores não encontraram um risco potencial de desenvolver câncer nas mulheres tratadas contra a infertilidade, incluindo aquelas que seguiram dez ciclos de tratamento ou aquelas que não conseguiram engravidar.
Eles destacaram, porém, que continuam a fazer o acompanhamento, já que muitas mulheres que participam do estudo ainda não atingiram a idade em que esse tipo de câncer é mais frequente -a partir dos 60 anos, em média.
Para o médico Rui Ferriani, professor da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, a notícia é "muito boa" e deve tranquilizar mulheres que já passaram ou ainda estão em tratamentos de fertilização. "Elas já têm tanta preocupação que não precisavam ficar com mais essa na cabeça", diz ele.
O câncer de ovário é relativamente raro, e a maioria dos casos são diagnosticados em estágio avançado. A taxa de letalidade chega a 70% em cinco anos, tornando-o um dos tumores mais letais.
Fonte: British Medical Journal e Folha de SP
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