terça-feira, 2 de março de 2010

Benefícios da vitamina D intrigam estudiosos

Por TARA PARKER-POPE

Imagine um tratamento que desenvolva os ossos, fortaleça o sistema imunológico e reduza o risco de doenças como diabete, problemas cardíacos e renais, hipertensão e câncer. Algumas pesquisas sugerem que esse tratamento tão maravilhoso já existe. É a vitamina D, um nutriente que o organismo produz a partir da luz do sol e que também é encontrado em peixes e no leite fortificado.
Mas não comece a devorar suplementos de vitamina D ainda. A empolgação quanto a seu potencial para a saúde permanece bem à frente da ciência.
Embora numerosos estudos tenham sido promissores, há escassos dados de testes clínicos aleatórios. Pouco se sabe sobre os níveis ideais da vitamina D, se aumentá-los melhora a saúde, e quais são os possíveis efeitos colaterais de doses elevadas.
E, como a maioria dos dados vem de pesquisas observacionais, é possível que as doses elevadas não tornem realmente as pessoas mais saudáveis, e sim que as pessoas saudáveis simplesmente façam coisas que por acaso elevam a vitamina D.
"Correlação não necessariamente significa uma relação de causa-efeito", disse JoAnn Manson, professora da Universidade Harvard e chefe de medicina preventiva do hospital Brigham and Women's, em Boston.
"As pessoas podem ter níveis elevados de vitamina D porque fazem muito exercício e recebem exposição de luz ultravioleta por se exercitarem ao ar livre", disse Manson. "Ou podem ter vitamina D alta porque se preocupam com a saúde e tomam suplementos. Mas também têm uma dieta saudável, não fumam e fazem muitas outras coisas que as mantêm saudáveis."
Manson está comandando um grande estudo ao longo dos próximos cinco anos para tentar responder essas e outras questões. Estão sendo recrutados 20 mil adultos mais velhos para que se avalie se doses elevadas de vitamina D e do ácido graxo ômega-3 de suplementos de óleo de peixe reduzem o risco de doença cardíaca ou de câncer.
A professora disse que os suplementos de óleo de peixe foram incluídos no estudo porque são outro tratamento promissor que sofre com a escassez de evidências clínicas. Além disso, tanto a vitamina D quanto o óleo de peixe têm um conhecido efeito anti-inflamatório, mas cada um funciona por um caminho diferente no organismo, então pode haver benefícios adicionais na combinação de ambos.
Os participantes do estudo serão divididos em quatro grupos. Um deles tomará vitamina D e pílulas de óleo de peixe. Dois tomarão vitamina D ou o suplemento de óleo de peixe, mais um placebo. O quarto grupo tomará dois placebos.
Atualmente, a dose recomendada de vitamina D via alimentação e suplementos é de cerca de 400 unidades internacionais (UIs) por dia para a maioria das pessoas, mas muitos especialistas acham que provavelmente isso é pouco. O Instituto de Medicina dos EUA está revendo as diretrizes sobre a vitamina D e deve elevar a dose diária recomendada.
Os participantes do estudo tomarão 2.000 UIs de vitamina D3, supostamente a forma mais usada pelo organismo. O estudo usará suplementos de 1 grama do óleo de peixe com ômega-3, cerca de 5 a 10 vezes a ingestão média diária.
Mas os médicos alertam os consumidores a não cederem à tentação de começar a tomar 2.000 UIs de vitamina D por dia. Vários estudos recentes sobre nutrientes como vitaminas E e B, selênio e beta-caroteno se mostraram frustrantes -sugerindo até que doses altas fazem mais mal do que bem, elevando o risco de problemas cardíacos, diabete e câncer, dependendo do suplemento.

Fonte: Folha de São Paulo, tradução do New York Times (aqui, exclusivo para assinantes)

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