Pesquisadores ligados ao STRADIVARIUS Randomized Controlled Trial publicaram, recentemente, no JAMA, os resultados do estudo em que determinaram se a perda de peso e os efeitos metabólicos do rimonabanto, um antagonista do receptor canabinóide seletivo tipo 1, reduzem a progressão da doença coronariana em pacientes com obesidade abdominal e síndrome metabólica.
Foi realizado um ensaio clínico randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, com dois grupos paralelos, que comparou rimonabanto a placebo em 839 pacientes em 112 centros na América do Norte, Europa e Austrália. Os pacientes receberam aconselhamento dietético e foram randomizados para tratamento com rimonabanto 20 mg/dia ou placebo, e foram submetidos à ultrassonografia intravascular coronariana em momento basal (n = 839) e ao término do estudo (n = 676). O parâmetro primário de eficácia foi a alteração percentual do volume da placa de ateroma (PAV); o parâmetro secundário foi a alteração do volume total normalizado do ateroma (TAV).
No grupo rimonabanto, comparado ao grupo placebo, PAV (IC95%) aumentou 0,25% (-0,04 a 0,54%) vs 0,51% (0,22% a 0,80%) (P = 0,22), respectivamente, e TAV diminuiu 2,2 mm³ (-4,09 a –0,24) vs aumento de 0,88 mm³ (-1,03 a 2,79) (P = 0,03). No grupo rimonabanto vs placebo, os resultados incluídos baseados nas características basais para pacientes que não completaram o ensaio clínico, PAV diminuiu 0,25% (-0,04% a 0,55%) vs 0,57% (0,29% a 0,84%) (P = 0,13), e TAV diminuiu 1,95 mm³ (-3,8 a 0,10) vs aumento de 1,19 mm³ (-0,73 a 3,12) (P = 0,02). Pacientes tratados com rimonabanto apresentaram maior redução do peso corporal (4,3 kg [-5,1 a –3,5] vs 0,5 kg [-1,3 a 0,3]) e maior diminuição da circunferência do quadril (4,5 cm [-5,4 a –3,7] vs 1,0 cm [-1,9 a –0,2]) (P < 0,001 para ambas as comparações). Nos grupos rimonabanto vs placebo, os níveis de HDL-colesterol aumentou 5,8 mg/dL (4,9 a 6,8) (22,4%) vs 1,8 mg/dL (0,9 a 2,7) (6,9%) (P < 0,001), e os níveis medianos de triglicérides diminuíram 24,8 mg/dL (-35,4 a –17,3) (20,5%) vs 8,9 mg/dL (-14,2 a –1,8) (6,2%) (P < 0,001). Pacientes tratados com rimonabanto apresentaram maiores diminuições dos níveis de proteína C-reativa de alta sensibilidade (1,3 mg/dL [-1,7 a –1,2] [50,3%] vs 0,9 mg/dL [-1,4 a –0,5] [30,9%]) e menor aumento dos níveis de hemoglobina glicada (0,11% [0,02% a 0,20%] vs 0,40% [0,31% a 0,49%]) (P < 0,001 para ambas as comparações). Efeitos adversos psiquiátricos foram mais comuns no grupo rimonabanto (43,4% vs 28,4%; P < 0,001).
Portanto, os pesquisadores concluíram que,
após 18 meses de tratamento, o estudo falhou em demonstrar um efeito do rimonabanto sobre a progressão da doença para o desfecho primário (PAV), porém evidenciou um efeito favorável sobre os desfechos secundários (TAV). Determinar se o rimonabanto é útil no controle da doença coronariana necessitará de estudos de imagem e de desfechos adicionais, que já estão em andamento.
Fonte: São Paulo Medical.
Referência:
Effect of rimonabant on progression of atherosclerosis in patients with abdominal obesity and coronary artery disease - JAMA 2008;29(13):1547-1560 [Abstract]
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