O horário de verão tem origem superficialmente científica: seu inventor, o naturalista neozelandês George Vemon Hudson, publicou dois artigos no fim do século 19 defendendo um adiantamento sazonal de 2 horas nos relógios para" aproveitar melhor os longos dias de verão". O apelo princi- pal, porém, sempre foi a economia de energia, pois a presença de luz natural durante o período vespertino reduz a necessidade de iluminação artificial.AAlemanha instituiu o Sommerzeit (horário de verão) como uma maneira de econo- mizar carvão durante a Primeira Guerra Mundial. e até 1918 a Europa, a Rússia e os Estados Unidos seguiram esse exemplo. Os relógios voltaram ao normal durante os anos de paz, mas o horário de verão retomou temporariamente durante a Segunda Guerra Mundial.
Infelizmente, a estratégia pode não resultar em nenhuma economia de energia. Um estudo ainda não publicado do Journal of Eeonomics and Statisfies mostra que regiões que seguiram o horário de verão consumiram mais eletricidade que as de- mais. Os autores atribuíram a descoberta ao maior uso de ventiladores e ar-condicionado durante os dias prolongados do verão.
Outros estudos demonstraram que a adoção do horário de verão pode provocar mais aci- dentes de trânsito (os ritmos circadianos são perturbados, causando privação de sono), depressão (um estudo de 2008 mostrou que há maior probabilidade de homens comete- rem suicídio nas primeiras semanas do horá- rio de verão), e pode até contribuir para o au- mento de risco de ataques cardíacos (há picos de incidência de 5% a 10% na primeira semana depois de os relógios terem sido adiantados, de acordo com um estudo sueco). É um preço alto a ser pago - uma vez que o que George Vemon Hudson queria na verdade eram apenas algumas horas a
mais de sol para coletar insetos.
Fonte:
Texto de John Pavlus, publicado pela Scientific American Brasil, edição de outubro de 2010, ano 8 nº 101
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