domingo, 10 de fevereiro de 2008

Crianças rechonchudas

Na coluna de Drauzio Varella da edição 481 de "Carta Capital" ele discute o editorial da New England Journal of Medicine sobre o problema de excesso de peso nas crianças e o impacto na saúde nas próximas décadas.

É mais um alerta para este grave problema de saúde.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Relação entre obesidade e osteoporose

Há muito se acredita que um índice de massa corporal elevado previna ou atenue a perda de massa óssea após a menopausa e durante o envelhecimento. Entretanto em um estudo realizado por Zhao e colaboradores em cooperação com universidade chinesa e norte-americana mostra que não é bem assim.

Para melhor analisar a relação entre massa corporal e massa óssea os pesquisadores também avaliaram a composição corporal (proporção do peso correspondente a massa gorda e massa magra) e corrigiram para a carga mecânica causada pelo peso corporal.

O achado chave foi que a massa gorda se relaciona genética e ambientalmente inversamente com a massa óssea. A gordura corporal per se não protege contra a osteoporose. Os fatores genéticos e ambientais que podem reduzir a gordura corporal podem também ter efeitos benéficos sobre a massa óssea. Os dados também confirmam o efeito benéfico da carga de peso sobre o esqueleto, mas desafia o pensamento dominante que tanto a gordura quanto a massa magra (principalmente músculos) sejam benéficos. Uma maior massa corporal magra é basicamente causada por mais massa muscular o que causa mais carga mecânica sobre os ossos e também uma maior massa óssea.

Em acordo com estes achados há o artigo de Lee e colaboradores que além do tecido adiposo exercer efeitos sobre o esqueleto (por meio da leptina, principalmente) e esqueleto também influencia o tecido adiposo (por meio da osteocalcina).

Referências

Lee, N. K.; Sowa, H.; Hinoi, E.; Ferron, M.; Ahn, J. D.; Confavreux, C.; Dacquin, R.; Mee, P. J.; McKee, M. D.; Jung, D. Y.; Zhang, Z.; Kim, J. K.; Mauvais-Jarvis, F.; Ducy, P. & Karsenty, G. Endocrine regulation of energy metabolism by the skeleton. Cell. 2007;130, 456–469

Zhao, L.; Liu, Y.; Liu, P.; Hamilton, J.; Recker, R. R. & Deng, H. Relationship of Obesity with Osteoporosis. J Clin Endocrinol Metab. 2007;92, 1640–1646

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Uso de medicamentos anticonvulsivantes e risco de suicído

A agência que controla medicamentos e alimentos nos Estados Unidos (FDA – Food and Drug Administration) fez em 31 de janeiro de 2008 um aviso sobre o risco aumentado de ideação suicida, tentativa de suicídio e suicídio entre os usuários de medicamentos anticonvulsivantes para o tratamento de epilepsia, psicose, dor de cabeça entre outras condições.

As conclusões foram retiradas da análise agrupada (metanálise) sobre onze medicamentos anticonvulsivantes. O risco de pensamento suicida e suicídio foi o dobro comparado com o placebo (0,48% versos 0,22%) e já ocorre na primeira semana de uso e persiste pelas 24 semanas estudadas. As pessoas tratadas por epilepsia apresentaram um risco maior de ideação suicida e suicídio que as tratadas por problemas psiquiátricos e outras condições, não houve outras características clínicas ou demográficas que conferissem risco aumentado.

Todos os pacientes que estejam atualmente usando ou iniciando o uso de medicações anticonvulsivantes devem ser monitorados com cuidado para mudanças de comportamento que possam indicar a emergência ou piora dos pensamentos suicidas ou depressão.

As seguintes medicações foram incluídas na análise:

  • Carbamazepina (Tegretol® entre outros e genérico)
  • Felbamato (não disponível no Brasil) mas semelhante ao Fenobarbital (Gardenal®, Edhanol® entre outros e genérico)
  • Gabapentina (Neurontin® entre outras e genérico)
  • Lamotrigina (Lamictal® entre outras e genérico)
  • Levetiracetam (não disponível no Brasil)
  • Oxcarbazepina (Trileptal® entre outras e genérico)
  • Pregabalin (não disponível no Brasil)
  • Tiagabine (não disponível no Brasil)
  • Topiramato (Topamax® entre outros e genérico)
  • Valproate (Depakote®, Depakene® entre outros e genérico)
  • Zonisamide (não disponível no Brazil)

Embora os medicamentos listados acima fossem os únicos incluídos na análise, o FDA acredita que o risco aumentado de suicídio seja compartilhado por todos os medicamentos anticonvulsivantes e que esta recomendação seja aplicada a toda a classe.

Link para o aviso do FDA (em inglês)

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Violência e má nutrição

Um copiar e colar da Folha de São Paulo, domingo, 3 de fevereiro de 2008

link (somente para assinantes da Folha ou UOL)

Nutrição da violência

A comida de má qualidade torna as pessoas mais agressivas? Um estudo em prisões britânicas vai investigar essa questão

JEREMY LAURANCE
DO "INDEPENDENT"

Alguns dos presidiários jovens britânicos mais problemáticos receberão doses diárias de suplementos alimentares com a intenção de que seu comportamento agressivo diminua.
Cientistas da Universidade de Oxford afirmam que o efeito da nutrição sobre a conduta tem sido subestimado. Eles afirmam que o aumento no consumo de comida mal balanceada ("junk food") é em parte responsável pelo aumento dos índices de violência nos últimos 50 anos.
A universidade vai liderar um estudo com custo estimado de US$ 2,7 milhões no qual mil homens com idades entre 16 e 21 anos de três instituições para jovens infratores na Inglaterra e na Escócia serão escolhidos aleatoriamente para receber suplementos de vitaminas e minerais ou placebos, acompanhados durante um período de 12 meses.
Em um estudo piloto com 231 prisioneiros feito pelos mesmos pesquisadores, publicado em 2002, incidentes violentos durante o período de custódia caíram em mais de um terço entre aqueles que receberam os suplementos.
"Se for possível uma projeção a partir desses resultados, talvez vejamos uma redução de um terço a um quarto em uma prisão", diz John Stein, professor de fisiologia da Universidade de Oxford. "Seria possível reduzir os ataques violentos em uma comunidade em um terço. Isso traria um enorme benefício econômico."
O cientista acrescenta: "Nossas descobertas iniciais indicaram que melhorar o que as pessoas podem comer as leva a se comportar de modo mais sociável e também melhora sua saúde. Isso não é algo levado em conta atualmente nos planejamento nutricional de dietas. Não estamos dizendo que a nutrição é a única influência sobre o comportamento, mas aparentemente nós estávamos subestimando bastante a sua importância."
Mark Walport, chefe do Wellcome Trust, que está financiando o estudo de três anos, diz: "Se esse estudo mostrar que os suplementos nutricionais afetam o comportamento, isso pode ter uma importância profunda para diretrizes nutricionais, não apenas no sistema judiciário criminal mas na comunidade mais ampla e em escolas, por exemplo. Temos o costume de pensar em diretrizes de dieta para nossa saúde física, mas esse estudo pode levar a repensá-las, considerando nossa saúde mental".
A teoria por trás do teste é que quando o cérebro está carente de alguns nutrientes essenciais -especialmente os ácidos graxos da classe ômega 3, que são um "tijolo" molecular fundamental para a construção de neurônios- ele perde a "flexibilidade". Isso debela a capacidade de atenção e prejudica o autocontrole. Mesmo quando a comida de cadeia é nutritiva, prisioneiros tendem a fazer escolhas pouco saudáveis e precisam de suplementos, dizem os pesquisadores.
Bernard Gesch, pesquisador sênior no departamento de fisiologia e diretor da Natural Justice, entidade filantrópica que investiga as causas de agressões, afirma que os prisioneiros deveriam receber suplementos contendo 100% da dose diária recomendada de mais de 30 vitaminas e minerais, mais três cápsulas de óleo de peixe, totalizando 2,25 gramas acima de sua dieta normal.
"Estamos tentando reabilitar o cérebro para a justiça criminal", diz. "A lei assume que o crime é um ato de livre arbítrio. Mas você não pode exercer o livre arbítrio sem usar seu cérebro, e o cérebro não pode funcionar adequadamente sem um suprimento de nutrientes adequado."
"Essa é uma abordagem positiva para prevenir problemas de comportamento anti-social e criminal. É simples, parece ser altamente efetiva e o único "risco" de uma dieta melhor é uma saúde melhor. É uma rara situação de ganho de mão dupla na justiça criminal."
O Ministério da Justiça britânico está apoiando o estudo de três anos, que vai começar em maio. David Hanson, ministro do sistema penal, diz que espera que ele possa ajudar a esclarecer melhor a ligação entre nutrição e comportamento.
A Agência de Padronização de Alimentos do Reino Unido, de qualquer forma, afirma que não há evidência suficiente mostrando danos causados por suplementos de vitaminas, minerais ou óleo de peixe.