quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Novo estudo contesta relação entre celular e câncer

Pesquisa acompanhou 350 mil pessoas por 18 anos; efeito em crianças ainda precisa ser investigado
 
Londres - Embora alguns estudos tenham sugerido uma associação entre celular e câncer, uma nova pesquisa dinamarquesa não encontrou ligação entre o uso desses telefones  e o desenvolvimento de tumores no cérebro, afirmaram nesta sexta-feira, 21, os autores da pesquisa no site da revista "British Medical Journal" (BMJ, sigla em inglês).

Segundo o estudo, realizado no Instituto de Epidemiologia de Copenhague, os casos de câncer no sistema nervoso central eram os mesmos entre os indivíduos que usaram celular durante um longo período de tempo - mais de 10 anos - e os que nunca utilizaram esse aparelho.

Durante um período de 18 anos, os pesquisadores acompanharam de perto a saúde de 350 mil pessoas, entre elas usuários de celular e pessoas que nunca tiveram acesso ao aparelho.

Com os resultados, os especialistas afirmaram que não conseguiram detectar aumento do risco de desenvolver tumores no sistema nervoso central entre aqueles que usavam regularmente o celular.

Apesar da descoberta, os pesquisadores dinamarqueses ressaltaram que ainda é preciso estabelecer o efeito que o celular provoca nas crianças.

Segundo Hazel Nunn, porta-voz de assuntos de saúde da ONG britânica Cancer Research, "estes resultados são a maior prova de que o uso de celular não parece aumentar o risco de câncer no cérebro".

Para o professor Malcolm Sperrin, especialista do Hospital Royal Berkshire, próximo a Londres, essas conclusões "revelam claramente que não há risco de se desenvolver câncer no cérebro".

O National Cancer Institute, nos Estados Unidos, reforça que até hoje não há evidências científicas de que a radiação emitida pelos aparelhos cause câncer em tecidos da cabeça e do pescoço.

Embora alguns estudos tenham apontado uma associação estatística entre o uso do celular e tumores no cérebro, a maioria das pesquisas não comprovou essa relação. Entre os motivos para a discrepância nos resultados, os especialistas apontam desde o viés no perfil dos participantes dos estudos até a falta de precisão ao relatar o uso do aparelho e as mudanças na tecnologia e formas de uso.

Há outros estudos em andamento. Um deles, que começou na Europa em 2010, vai avaliar cerca de 250 mil usuários ao longo de 20 ou 30 anos.

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,novo-estudo-contesta-relacao-entre-celular-e-cancer-,788593,0.htm

Alteração hormonal provoca ganho de peso em trabalhadores noturnos

Mudança de turno deixa trabalhadores predispostos a comer mais, ganhar peso e desenvolver síndrome metabólica.

Um novo estudo realizado por cientistas brasileiros sugere que trabalhadores noturnos apresentam alterações em funções hormonais que podem deixá-los predispostos a comer mais, ganhar peso e desenvolver síndrome metabólica - um conjunto de fatores de risco cardiovascular que inclui hiperglicemia, hipertensão arterial, obesidade e aumento da circunferência da cintura.

A literatura científica internacional já demonstrava que os trabalhadores noturnos têm mais tendência ao ganho de peso, além de maior risco de apresentar doenças cardiovasculares e outros indicadores de síndrome metabólica.

Mudanças de comportamentos alimentares associadas ao trabalho noturno - incluindo aumento do valor calórico e variações no horário e número de refeições - têm sido apontadas como a mais provável explicação para esse fenômeno.

Estudando os mecanismos biológicos que poderiam estar por trás das mudanças comportamentais, um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) descobriu que os trabalhadores noturnos apresentam alterações em funções hormonais estomacais que regulam a saciação - a sensação de estar satisfeito após a refeição -, o que pode levar ao ganho de peso.

O estudo foi coordenado por Bruno Geloneze Neto, da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. “Nossa conclusão é que a função hormonal estomacal de regulação da saciação sofre alteração nas pessoas que trabalham à noite”, disse Geloneze.
De acordo com Geloneze, o estudo foi realizado com um grupo de 24 mulheres, sendo 12 trabalhadoras do turno da noite e 12 trabalhadoras do turno do dia do Hospital das Clínicas da Unicamp. Todas elas tinham índice de massa corpórea entre 25 e 35.
“Estudamos os mecanismos hormonais ligados à saciação e não as diferenças comportamentais. Tomamos o cuidado de trabalhar apenas com pessoas do mesmo sexo, com padrões semelhantes de peso, de atividade física e de condição socioeconômica e cultural, a fim de observar as diferenças relacionadas à variável do turno de trabalho”, disse Geloneze.

Segundo Geloneze, a literatura internacional aponta que os trabalhadores noturnos têm mais riscos de ganhar peso e desenvolver doenças cardiovasculares, associando esse fenômeno a um aumento do consumo calórico.

Mas, até agora, os estudos não haviam desvendado se esse aumento ocorria devido ao estresse causado pela quebra do ritmo biológico ocasionada pela vigília no período noturno ou por um fator de ordem puramente comportamental: como se a falta de estímulos no período noturno levasse a pessoa a comer mais - o que os cientistas suspeitam ser um mito.

“Fomos investigar um aspecto sobre o qual não há dados na literatura: como se comportam os hormônios gastrointestinais que controlam a fome e a saciação. Alguns estudos mostram que existe uma alteração nos níveis de leptina - um hormônio relacionado ao grau de adiposidade - nos trabalhadores noturnos. Mas não se sabia se a leptina se alterava como consequência do ganho de peso ou se era sua causa”, explicou.

As voluntárias foram submetidas a um teste de alimentação padrão, que consiste na ingestão de 515 calorias, com uma dieta hiperproteica e hiperlipídica. As trabalhadoras noturnas foram testadas durante o dia, em jornadas de folga. As trabalhadoras diurnas foram testadas no horário normal.

“Depois da alimentação, estudamos por três horas a produção de insulina e de três hormônios GLP-1 e PY-B36 - ambos com ação anorexígena -, de grelina, um hormônio produzido no estômago e que estimula a fome, e de xenina, hormônio que inibe a fome”, declarou.

No padrão normal de alimentação, pouco antes da refeição, os níveis de grelina se apresentam altos, enquanto os outros três hormônios apresentam níveis baixos. Depois da refeição, por um período de três horas, o GLP-1, PY-B36 e xenina aumentam e a grelina é reduzida.

“Nos indivíduos que trabalham à noite, os padrões de GLP-1 e de PY-B36 se apresentavam semelhantes ao das trabalhadoras diurnas. Mas identificamos uma alteração na produção de grelina entre as trabalhadoras noturnas”, disse.
Normalmente, segundo Geloneze, após a refeição a produção de grelina cai abaixo dos níveis basais. Entre as trabalhadoras noturnas, não houve supressão da grelina depois da alimentação.

“Outra diferença que observamos ocorreu em relação à xenina. Esse hormônio normalmente aumenta após a refeição, contribuindo para a saciação. Mas nas mulheres que trabalham à noite a produção de xenina não subiu”, disse o pesquisador.
Do ponto de vista clínico, houve uma diferença discreta na quantidade de calorias ingeridas, de cerca de 10%. As trabalhadoras noturnas, apesar de terem o mesmo padrão de índice de massa corpórea das outras, tinham também um pouco mais de concentração de gordura no abdome.

“Quando falamos de tratamento da obesidade, precisamos levar em conta que as condições das pessoas são muito heterogêneas e uma abordagem terapêutica única pode ser ineficiente. Agora sabemos que para os trabalhadores noturnos seria preciso ter terapias focadas nesses mecanismos subjacentes, como, por exemplo, drogas que modulem a produção de xenina e grelina”, afirmou.

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,alteracao-hormonal-provoca-ganho-de-peso-em-trabalhadores-noturnos,789691,0.htm

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Suplemento de vitamina E aumenta risco de tumores

Estudo com 35 mil homens indica mais probabilidade de câncer de próstata

Pesquisadores dos EUA dizem que suplementos vitamínicos não são como 'canja de galinha' e podem fazer mal

A ingestão diária de uma dose de vitamina E, antes considerada uma promessa de prevenção contra o câncer de próstata, aparentemente tem o efeito inverso: aumentaria em 20% o risco de desenvolver esse tipo de tumor.
A descoberta está em artigo na revista especializada "Journal of the American Medical Association", mais conhecida como "Jama".
Trata-se de uma demonstração importante de que tomar vitaminas está longe de cair na categoria "se não fizer bem, mal não vai fazer". "As pessoas tendem a pensar que vitaminas são como canja de galinha", o que é errado, alerta o líder do estudo, Eric Klein, da Cleveland Clinic, nos Estados Unidos.

SEM MECANISMO
Klein e seus colegas afirmam que ainda não dá para saber qual o mecanismo biológico por trás do aumento do risco de câncer, mas consideram que os dados são suficientes para recomendar que os pacientes não tomem os suplementos vitamínicos.
O estudo publicado no "Jama" envolveu o acompanhamento de cerca de 35 mil homens, com idade superior a 50 anos, a partir de 2001.
Os pesquisadores forneceram aos pacientes, dependendo do subgrupo em que foram divididos, tanto vitamina E quanto o mineral selênio, cujo suposto efeito protetor contra tumores de próstata também estava sendo investigado. Num dos subgrupos, vitamina e selênio foram combinados, enquanto outro só recebeu placebo (inócuo).
Já em 2008, tinha ficado claro que os suplementos não estavam tendo efeito protetor, e a equipe da pesquisa recomendou que o uso de vitamina E e selênio fosse descontinuado. No entanto, foi preciso analisar os dados até este ano para que o aumento do risco fosse flagrado.
Esse aumento não é catastrófico, principalmente quando se olham os números absolutos: 620 dos pacientes que tomavam vitamina E desenvolveram tumores de próstata, contra 529 dos que tomavam apenas placebo -cada um desses grupos tinha quase 9.000 voluntários.
Os outros grupos também apresentaram número de casos ligeiramente maior do que o conjunto de homens que tomou só o placebo.

RELEVÂNCIA ESTATÍSTICA
No entanto, apesar da diferença sutil, as análises estatísticas conduzidas pelos pesquisadores mostram que o efeito negativo do suplemento de vitamina E é real -diferentemente do que acontece com os suplementos de selênio ou o suplemento combinado, por exemplo.
Como não há diferença importante entre estilo de vida, características étnicas ou outros fatores entre os vários grupos, os pesquisadores avaliam que o excedente de vitamina E provavelmente está por trás do risco maior.
É claro que a pesquisa não prova que a vitamina, um nutriente importante, faz mal para a saúde humana.
Mas, por via das dúvidas, tal como acontece com qualquer outro nutriente, a forma comprovadamente saudável de ingerir vitamina E é pela alimentação. Alimentos como espinafre, beterraba, tomate, azeitonas e mamão são ricos em vitamina E.

Fonte

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Médicos pedem fim de exame de PSA para prevenção do câncer de próstata

Recomendação foi feita por grupo de medicina preventiva dos EUA

Um dos métodos mais usados para a detecção do câncer de próstata, o PSA (antígeno prostático específico, na sigla em inglês), não deve mais ser usado em homens saudáveis.
A recomendação é do US Preventive Services Task Force, grupo cientistas e pesquisadores influentes ligado ao governo americano, e foi baseada em cinco testes clínicos bem controlados.
"O teste não consegue mostrar a diferença entre tumores que irão ou não afetar um homem durante sua vida. Nós precisamos encontrar um que o faça", disse Virginia Moyer, da Baylor College e líder do grupo.
O PSA detecta a elevação de uma proteína produzida pela próstata e é um indicativo de câncer. O método, porém, é criticado por dar falsos-positivos. Uma dosagem alta de PSA, no entanto, também pode ser sinal de uma infecção ou crescimento benigno exagerado da próstata.
Com a sua popularização, as consequências devastadoras das biópsias e dos tratamentos que geralmente lhe são subsequentes começaram a aparecer. De 1986 a 2005, 1 milhão de homens foram tratados com cirurgia, radioterapia (ou ambos), o que não aconteceria sem o PSA. Entre eles, dizem os pesquisadores, pelo menos 5.000 morreram logo após a cirurgia e entre 10 mil e 70 mil outros sofreram complicações sérias. Pelo menos a metade apresentou frequentemente sangue no sêmen, além de muitos terem incontinência urinária ou impotência.
"Nós estamos desapontados. A questão é que esse melhor teste que nós temos, e a resposta não pode ser simplesmente 'não faça o exame'", diz Thomas Kirk, líder do Us Too, um dos maiores grupos de apoio à doença. Para os pesquisadores, não saber o que está acontecendo na próstata pode ser o melhor caminho.
Estudos em autópsias indicaram que um terço dos homens entre 40 e 60 anos têm a doença. Uma proporção que sobe para três quartos na faixa acima de 85.
A recomendação é válida apenas para homens saudáveis e sem sintomas. Os pesquisadores se pronunciaram se o teste é apropriado para homens que têm sintomas suspeitos da doença ou que já foram tratados contra ela.
Fonte: Folha de São Paulo